Colunista do Globo vira piada na internet contando como aceitou jabá da Tramontina
A colunista do Globo Cora Rónai virou piada na internet com um texto publicitário em que relata uma visita à fábrica de panelas Tramontina, na Serra Gaúcha. Cora aceitou um jabá da empresa, teve tudo pago e escreveu uma matéria repleta de elogios chamada “Pias, panelas e muito orgulho”.
Alguns trechos:
Esqueçam “Tempos modernos”! Num galpão amplo e claro, um único robô se encarrega de pegar as chapas de aço, entregá-las à máquina que as transforma em cilindros, transportá-las à solda e, finalmente, despachá-las para a esteira, onde humanos cuidam do acabamento. Há mais de 400 robôs nas linhas de produção da Tramontina, mas nenhum aldorebello precisa dar chilique por causa disso, já que há também 7,5 mil funcionários.
Robôs industriais são grandes, não são nem remotamente parecidos com os robôs antropomórficos da ficção científica, mas cada vez que me encontro com eles me espanto com o engenho humano. Há uma estranha delicadeza nos movimentos que fazem, sempre controlados e precisos, que contrasta com a brutalidade das funções que exercem — eles lidam com prensas de centenas de toneladas, recolhem peças aquecidas a mais de 500 graus, conduzem cortadeiras a laser que atravessam o aço como se fosse papel.
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Clóvis Tramontina, que está desde 1992 à frente da empresa fundada por seus avós há 104 anos, tem status de popstar na Serra Gaúcha. Fomos almoçar e todos o cumprimentavam no restaurante, onde brincou com a garçonete e com a proprietária com a intimidade de velho amigo da casa. Na saída uma senhora desconhecida se levantou da mesa onde comia com a família, o abraçou e cobriu de benções. Ele tem 59 anos e um bom humor admirável, que resiste à esclerose múltipla que o obriga a usar uma bengala; tem também muitas histórias para contar.
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E a crise? A crise existe, reconhece Clóvis, para quem o pior é não saber para que lado se vai num país sem governo. O famigerado “custo Brasil” é outra tragédia, que força a Tramontina a lutar contra a falta de infraestrutura do país. Há alguns meses ele disse isso a Dilma, com quem se encontrou no Planalto, e a quem, algo contrariado, chamou de “presidenta”.
— O certo é presidente, mas se ela gosta de presidenta, vou fazer o quê?
Está certo. Afinal, os presidentes passam, mas a Tramontina fica.