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Com saída de cubanos: adesão ao Mais Médicos cria déficit no SUS

Reportagem de Fabiana Cambricoli e Marianna Holanda no Estado de S.Paulo informa que um terço dos brasileiros inscritos para substituir os cubanos no Mais Médicos abandonou vagas em seus postos de saúde de origem para atuar no programa federal. Com isso, foi criado um déficit de 2.844 profissionais em outras localidades, segundo mapeamento apresentado nesta quinta-feira, 29, pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).

De acordo com a publicação, conforme os dados do conselho, das 8,3 mil vagas preenchidas pelo recente edital lançado pelo Ministério da Saúde, 34% (2.844) foram ocupadas por médicos que já atuavam em equipes do programa Estratégia Saúde da Família (ESF), e que só migraram para outro posto de saúde para poder atuar no programa federal. Como o Estado mostrou nesta quinta-feira, 29, mais da metade das vagas preenchidas em sete Estados brasileiros foram ocupadas por profissionais que migraram de uma cidade para outra. Na prática, os profissionais que atuavam como servidores das prefeituras no programa ESF farão exatamente o mesmo trabalho no Mais Médicos, mas sob regime de contratação diferente.

No programa federal, eles têm bolsa de R$ 11,8 mil e auxílio mensal para pagamento de aluguel, alimentação e transporte. Nas prefeituras, o salário geralmente fica abaixo de R$ 10 mil. Minas é o Estado que mais perdeu profissionais do ESF para o Mais Médicos – 420 doutores que deixaram seus cargos nas prefeituras para vagas em outras cidades ou Estados. Segundo o Conasems, o problema fica ainda mais grave se contabilizados todos os médicos que saíram de cargos do Sistema Único de Saúde (SUS) – e não só do ESF – para ocupar postos do Mais Médicos. O novo edital só está “trocando o problema de lugar”, diz Mauro Junqueira, presidente do órgão, completa o Estadão.