‘Comecei a ser chamada de macaco”, diz criança que recebeu banana de influencers racistas

As influenciadoras Kerollen Vitoria Cunha Ferreira e Nancy Gonçalves Cunha Ferreira foram condenadas a 12 anos de prisão por injúria racial após gravarem vídeos em que entregam banana e macaco de pelúcia a crianças negras em São Gonçalo (RJ). A sentença, assinada pela juíza Simone de Faria Feraz, considerou as atitudes uma “monstruosidade” por expor as vítimas ao ridículo nas redes sociais. “Não, as rés criaram conteúdo, ridicularizaram as crianças”, afirmou a magistrada ao definir que o crime se consumou no momento da publicação.
Uma das meninas filmadas, à época com 10 anos, conta que passou a sofrer bullying na escola após a repercussão do vídeo. “Em vez de me chamar pelo meu nome, minhas colegas me chamavam de ‘macaco’”, relata, dizendo que corria para chorar escondida no banheiro. A mãe, catadora de recicláveis e responsável por oito filhos, diz que a dor provocada pelo racismo ainda abala a família: “Quando entendi o que estava acontecendo, foi um baque. Eu chorei muito”.
Para o pesquisador Adilson Moreira, o caso se enquadra em “racismo recreativo”, conceito usado para descrever agressões disfarçadas de brincadeira contra pessoas negras. As influenciadoras, que somavam mais de 13 milhões de seguidores, também deverão pagar indenização de R$ 20 mil a cada uma das vítimas.