Como a genética explica bebê ruivo com pai negro e mãe branca

Emanuel, de um ano e oito meses, nasceu ruivo e de pele clara, mesmo sendo filho de Gustavo Luís da Silva, homem negro, e Cristina Dapper. O caso, viralizou nas redes sociais, é na verdade um exemplo da complexidade genética. A professora de Genética da UFRGS, Marcia Holsbach Beltrame, explicou ao G1 que “não é um único gene que define a cor. São vários, atuando em diferentes etapas”.
A combinação entre os tipos de melanina – eumelanina (escura) e feomelanina (clara/avermelhada) – define as características visíveis. “A mãe pode ter uma variante para cabelo ruivo que nunca se manifestou nela, mas que foi passada para o filho. Se o pai também contribui com uma variante compatível, o bebê pode nascer ruivo”, detalhou a geneticista. Essas variantes podem permanecer ocultas por gerações.
Cristina descreveu a surpresa do nascimento como “uma surpresa linda, um verdadeiro presente de Deus”. No entanto, a família já enfrentou situações constrangedoras. “Já chegaram a parar a gente no mercado para dizer que meu marido precisava fazer um teste de DNA”, relatou a mãe. A professora Márcia reforçou que esses julgamentos são infundados, especialmente em populações miscigenadas como a brasileira.
A geneticista enfatizou que “mesmo irmãos, filhos dos mesmos pais, podem ter aparências completamente diferentes”. Cristina e Gustavo agora se dedicam a preparar Emanuel para lidar com eventuais comentários. “Nosso maior objetivo é preparar o Emanuel da melhor forma possível, com muito amor, para que esse tipo de comentário nunca o afete”, finalizou a mãe.