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Como Bolsonaro difamou sexualmente uma repórter e tirou o foco sobre celulares de miliciano ligado ao filho

Em entrevista, Jair insulta repórter da Folha com insinuação sexual – Reprodução/Facebook

DO BUZZFEED NEWS

Ao sair nesta terça (18) do palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro proferiu ofensas de cunho sexual contra a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, ecoando as mentiras ditas por um depoente da CPI das Fake News na semana passada.

“Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse o presidente, rindo e provocando risadas dos apoiadores que presenciaram sua entrevista em frente ao Palácio da Alvorada.

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A mentira de cunho sexual contra a jornalista provocou uma onda de indignação na imprensa e solidariedade em favor da jornalista agredida. A Folha de S.Paulo divulgou uma nota em que defende a jornalista e repudiou o caráter das declarações do presidente.

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A repercussão do insulto contra a jornalista teve o efeito de tirar o foco das redes sociais de uma das principais preocupações do presidente: investigação sobre a morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, próximo da família Bolsonaro.

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Às 7h03 de hoje, antes de deixar o Palácio da Alvorada, o presidente expressou preocupação com a possibilidade de que mensagens e áudios nos celulares do ex-capitão do Bope, morto pela polícia da Bahia, sejam “forjados”. A polícia da Bahia apreendeu 13 celulares usados pelo miliciano, que estava foragido.

“Quem fará a perícia nos telefones do Adriano? Poderiam forjar trocas de mensagens e áudios recebidos? Inocentes seriam acusados do crime?”, postou o presidente na sua conta oficial do Twitter.

No mesmo fio, Bolsonaro também expressou preocupação com a autopsia do corpo do miliciano e voltou a insinuar, como já havia feito no mesmo final de semana, que o miliciano foi vítima de “possível execução” e “queima de arquivo”.

“A quem interessa não haver uma perícia independente? Sua possível execução foi ‘queima de arquivo’? (…) sem uma perícia isenta os verdadeiros criminosos continuam livres até para acusar inocentes do caso Marielle”, escreveu Bolsonaro, três horas antes de sair do Alvorada.

Pela execução da vereadora Marielle Franco está preso o suspeito Ronnie Lessa, apontado como ligado a Adriano Nóbrega no Escritório do Crime, uma organização de matadores profissionais com atuação no Rio.

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