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Como Bolsonaro pregou contra a Coronavac para boicotar o imunizante

Aglomeração organizada por Bolsonaro

O estudo clínico sobre a eficácia da Coronavac sofreu forte pressão nas redes sociais, atrasando os processos, disse o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, à CPI da Covid no senado.

Por mais de uma oportunidade, o próprio Bolsonaro pregou contra o imunizante.

Confira:

1- ‘Não é daquele outro país’

Bolsonaro começou a ironizar a Coronavac de forma velada, exaltando o acordo feito pelo governo com a Universidade de Oxford. Durante uma transmissão ao vivo, ressaltou que o imunizante comprado não era “daquele outro país”:

“Se fala muito da vacina da Covid-19. Nós entramos naquele consórcio lá de Oxford. Pelo que tudo indica, vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país não, tá ok, pessoal? É de Oxford aí”, disse o presidente.

2- ‘Diferente daquela outra’

Em cerimônia no Palácio do Planalto, voltou a exaltar o acordo da Fiocruz e minimizar o do Butantan, dizendo que o primeiro envolvia a transferência de tecnologia:

“E o que é mais importante nessa vacina, diferente daquela outra que um governador resolveu acertar com outro país, vem a tecnologia pra nós”.

3- ‘Não será comprada’

Quando o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou um acordo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac.

No dia seguinte, em um comentário no Facebook, Bolsonaro chamou o imunizante de “vacina chinesa de João Doria” e afirmou que não seria comprado.

4- ‘Mandei cancelar’

Em São Paulo, reforçou que havia mandado cancelar o acordo.

“Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse Bolsonaro.

5- ‘Descrédito muito grande’

A justificativa de Bolsonaro para se opor ao acordo era de que o governo não poderia comprar uma vacina antes do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) porque a população brasileira não seria “cobaia de ninguém”.

“A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população”, disse. “A China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido por lá”.

6 – ‘Procura outro para pagar’

Dirigindos-se a João Doria durante uma transmissão, Bolsonaro disse a ele para procurar “outro para pagar a tua vacina”:

“Ninguém vai tomar a sua vacina na marra não, tá ok? Procura outro. E eu, que sou governo, o dinheiro não é meu, é do povo, não vai comprar a vacina também não, tá ok? Procura outro para pagar a tua vacina aí”.

7- ‘Mais uma que Jair Bolsonaro ganha’

Bolsonaro comemorou quando os testes da Coronavac foram suspensos, após a morte de um dos voluntários. Mesmo sem detalhes sobre a circunstância da morte — a Anvisa posteriormente concluiu que não havia relação com os testes —, afirmou que a vacina poderia causar “morte, invalidez, anomalia” e disse que era uma vitória sua.

“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu.

8 – ‘Eficácia lá embaixo’

Com a conclusão do testes, o alvo do presidente passou a ser a eficácia da vacina. Antes do Instituto Butantan divulgar os dados, Bolsonaro afirmou, em uma transmissão, que “a eficácia daquela vacina em São Paulo parece que está lá embaixo”.

9 – ‘Essa de 50% uma boa?’

Mesmo após o Ministério da Saúde ter assinado um contrato de compra da Coronavac, Bolsonaro seguiu o ironizando o imunizante. Depois do Instituto Butantan divulgar que a taxa de eficácia era de 50,38%, o presidente disse a um apoiador:

“Essa de 50% é uma boa?”

10 – ‘Baixa taxa de sucesso’

Antes do Ministério da Saúde requisitar ao governo de São Paulo todas as doses da Coronavac, Bolsonaro afirmou em uma entrevista que João Doria estava “desmoralizado pela baixa taxa de sucesso na sua vacina”.

Assista o depoimento AO VIVO: