Como era pegar ônibus nos anos 80: fichas, cobrador e sinal com a mão

Pegar ônibus nos anos 80 era uma experiência completamente diferente da atual. As paradas não tinham letreiros digitais, aplicativos de horário ou cartões magnéticos. Para embarcar, era preciso estender o braço — gesto clássico que ainda resiste — e carregar no bolso uma ficha metálica ou um punhado de moedas. O barulho do motor alto, o banco de plástico duro e os cobradores sentados em bancos estreitos eram parte da paisagem cotidiana de quem dependia do transporte público.
As fichas de ônibus eram vendidas em pontos específicos da cidade ou em caixas instalados nos terminais. Havia também as famosas fichas coloridas para estudantes e idosos, que permitiam pagar metade do valor. Entrar no ônibus significava passar por uma catraca pesada de ferro e ouvir o tilintar das moedas caindo na caixa do cobrador, figura essencial no trajeto. Era ele quem dava o troco com rapidez, observava os passageiros e muitas vezes conhecia pelo nome quem pegava a linha diariamente.
O interior dos ônibus não tinha ar-condicionado nem amortecedor eficaz. Em dias quentes, janelas corrediças eram a única saída para aliviar o calor. Nos horários de pico, não era raro ver passageiros pendurados na porta traseira ou embarcando correndo quando o motorista já arrancava. O aviso de descida era feito no grito ou puxando a cordinha que tocava uma campainha, geralmente presa no teto.
O tempo parecia andar mais devagar dentro daqueles coletivos, onde cada passageiro carregava suas sacolas, conversas e histórias. Não havia celulares, fones de ouvido ou distrações digitais: o trajeto era um momento de observação da cidade, de cochilo ou de conversa com desconhecidos. Um período em que andar de ônibus era, acima de tudo, um retrato fiel do cotidiano urbano brasileiro.