Como série de TV americana criou a era dos spoilers

Antes de hashtags e fóruns online, uma série de TV já mobilizava teorias, discussões e ansiedade coletiva: “Twin Peaks”, lançada em 1990 nos Estados Unidos. Criada por David Lynch e Mark Frost, a produção desafiou padrões ao transformar o assassinato da estudante Laura Palmer em um enigma aberto que cativou a audiência e moldou o conceito moderno de spoiler.
O impacto atravessou fronteiras e chegou ao Brasil com força. Em abril de 1991, uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou o assassino antes da exibição do episódio pela Globo, irritando fãs que acompanhavam a série em uma versão editada. A exibição integral só ocorreria dois anos depois, na Record.
O mistério de Laura Palmer, no entanto, foi apenas a superfície. A série explorava o lado sombrio de uma cidade fictícia, cheia de segredos, vícios e elementos sobrenaturais. Segundo Mark Frost, a revelação precoce do assassino foi forçada pela emissora ABC, sob ameaça de corte de financiamento — decisão que Lynch tentou evitar.
Mais de três décadas depois, “Twin Peaks” segue como referência em narrativa televisiva. A série pavimentou o caminho para produções como “Lost” e “Westworld”, onde o enigma se tornou parte essencial da experiência. Com três temporadas e um filme, a obra está disponível na MUBI e ainda desafia o espectador com sua lógica onírica e perturbadora.