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Como surgiu a imagem do diabo vermelho com chifres

Diabo, Satanás, Lúcifer e, às vezes, Leviatã ou Mefistófeles. Foto: Divulgação

A figura do diabo, hoje associada a chifres, tridente e fogo, passou por uma longa transformação. Durante séculos, o personagem não aparecia na arte cristã e, quando surgiu, tinha corpo azul e nenhum dos traços que reconhecemos. A construção visual veio de artistas que combinaram breves referências bíblicas com elementos de deuses pagãos, como Bes e Pan.

Na tradição judaica, o diabo não era um rival de Deus, mas um anjo submisso que representava a inclinação humana ao mal. Com o avanço do Cristianismo, a narrativa reforçou Satanás como inimigo supremo e associou a serpente do Éden à sua figura.

A ideia do anjo caído também veio de interpretações cristãs posteriores, já que o texto bíblico apenas descreve um personagem expulso após desafiar Deus, sem nomeá-lo como Satanás. Representações do inferno com um diabo que tortura pecadores também não estão no texto sagrado e ganharam força na Idade Média. Durante a peste negra, artistas enfatizaram cenas de condenação para reforçar a vigilância moral numa época de medo e sofrimento.

Nos séculos seguintes, o diabo virou ferramenta política. Durante a Reforma, católicos e protestantes trocaram acusações ilustradas com figuras demoníacas. Entre os anos 1500 e 1600, o tema da bruxaria ganhou força e Satanás passou a ser mostrado como sedutor, especialmente ligado à ideia de que mulheres seriam mais vulneráveis ao pecado. Isso sustentou perseguições e justificou punições baseadas em supostos pactos demoníacos.