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Como um sequestrador, Salles exige R$ 1 bi dos EUA para reduzir desmatamento na Amazônia

Bolsonaro e Ricardo Salles – arquivo
Imagem: Reprodução

Giovana Girardi entrevistou o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente de Bolsonaro, no Estado de S.Paulo.

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Soube que o sr. teve nova conversa com o governo da Noruega semana passada e que teria pedido dinheiro para uma força policial na Amazônia. É isso mesmo? 

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Expliquei esse plano que estamos colocando em funcionamento. E dimensionamos que faremos uma parte do trabalho com recursos próprios, do governo federal, mas que podemos aumentar o volume de tropas nessas ações e as áreas de cobertura simultânea. Falei que se quiserem voltar a nos ajudar através do Fundo Amazônia, é uma boa oportunidade.

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A ideia é ter uma força policial na Amazônia? 

Nossa estratégia é somar Ibama, ICMBio, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Incra, Funai e Força Nacional – e é aí que entra essa capacidade de expansão, já que a Força Nacional recruta policiais militares do resto do Brasil para somar a força de segurança. A ideia é ter uma capacidade de escalar isso conforme a gente tenha mais recursos. Se eu tiver recursos para pagar mais diárias e trazer mais gente de outros Estados, consigo aumentar a equipe.

O sr. comentou que um dos problemas da Operação Verde Brasil é que as Forças Armadas não têm essa expertise de atuar contra desmatamento. Não pode ocorrer o mesmo com o plano da Força Nacional? Não faria mais sentido investir em mais pessoal para o próprio Ibama, quem de fato faz a estratégia de combate ao desmatamento?

Não temos orçamento. E é muito mais barato e rápido pagar diárias. Para fazer concurso vai um ano. Isso se você tiver recursos, que também não é o caso. O que a gente tem são recursos para remunerar a Força Nacional, num certo volume. Se eu tiver recursos estrangeiros, e foi nessa linha que conversamos com os americanos também, aumento substancialmente a capacidade de recrutar gente e a quantidade de tropas que fazem o trabalho.

Quanto vocês pediram?

O plano é US$ 1 bilhão por 12 meses, sendo um terço para ações de comando e controle, e dois terços para as ações de desenvolvimento econômico, pagamento por serviços ambientais, justamente nesses lugares onde haverá atuação mais forte do comando e controle. Dando a essas pessoas que serão fiscalizadas nessas regiões, que sofrerão as fiscalizações mais intensas, uma alternativa econômica para que não seja tão convidativo voltar à ilicitude.

Esse valor está sendo pedido para vários países?

Estamos pedindo aos EUA. Para a Noruega, foi perguntado se querem colaborar. Por 12 meses vamos alocar esse dinheiro e isso poderá gerar redução de 30% a 40% do desmatamento.

Vocês vão apresentar como meta para os EUA que podem reduzir o desmatamento da Amazônia em 40% em um ano?  

Se tivermos US$ 1 bilhão para colocar a partir de 1º de maio, quando sai a Verde Brasil, a gente assume essa sistemática. Se esse recurso estiver disponível para usarmos desse modo, nos comprometemos a reduzir de 30% a 40% em 12 meses. Não adianta fazer acordos de treinamentos, coisas meio intangíveis em que o número é só algo aparente. Falamos em disponibilizar o dinheiro. Pra gente poder chegar no chão, por exemplo, com o pagamento de serviço ambiental, ou resolver a questão fundiária, ou ajudar pequenos projetos de bioeconomia. Mas é ajudar agora, não financiar pesquisa de 4, 5 anos e lá na frente ver se gera resultado.

E se não tiver o dinheiro, o desmatamento não vai cair? 

Se não tiver o dinheiro, vamos fazer com as nossas expensas o máximo que conseguirmos, mas aí não posso me comprometer com porcentuais.

O Brasil não tem, então, meta própria de redução de desmatamento, que não seja dependente de recurso externo? 

Nesse momento, os países de fora precisam ser cobrados.  Os EUA, o presidente Biden – e acho que foi bom, não vejo com maus olhos – falou em mobilizar US$ 20 bilhões. Estamos pedindo US$ 1 bilhão dos US$ 20 bilhões.

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