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Comunidade japonesa sobre declaração de Bolsonaro contra a jornalista Thaís Oyama: expressões embutem racismo e xenofobia

Thaís Oyama. Foto: Reprodução/YouTube

De Daniela Arcanjo e Joelmir Tavares na Folha de S.Paulo.

“Nikkeis se manifestam contra fala do presidente”, diz o título de uma página da edição mais recente do jornal Nippak, que chegou às bancas do bairro da Liberdade, em São Paulo, na quinta-feira (23). Sob a manchete, dois artigos de membros da comunidade com críticas a Jair Bolsonaro (sem partido).

Apesar do que o título sugere, foram esparsas as reações dos nikkeis (japoneses ou descendentes vivendo fora do Japão) à mais nova declaração preconceituosa do presidente contra eles. Desta vez, o alvo foi a jornalista Thaís Oyama, autora do livro “Tormenta”, sobre o primeiro ano do governo Bolsonaro.

Indagado por jornalistas no dia 16 sobre uma passagem da obra, ele disparou contra a imprensa e emendou: “Esse é o livro dessa japonesa, que eu não sei o que faz no Brasil, que faz agora contra o governo”.

No mesmo dia, durante transmissão em rede social, ele voltou a falar da repórter com irritação: “Lá no Japão ela ia morrer de fome com jornalismo, escrevendo livro”. Thaís é brasileira, nascida em Mogi das Cruzes (SP), e neta de japoneses.

Para estudiosos do tema, integrantes da comunidade e advogados consultados pela Folha, as expressões de Bolsonaro sobre a autora embutem racismo e xenofobia e se somam a outras vezes em que o presidente recorreu a estereótipos e fez comentários sobre características físicas da etnia.

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