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Conheça a trajetória de Pedro Parente, que ficou dois anos na presidência da Petrobras

Reportagem de Camilla Veras Mota na BBC Brasil.

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Aos 63 anos, o carioca substituía Aldemir Bendine – que havia renunciado ao cargo e que seria preso um ano depois, no âmbito da operação Lava Jato – e se deparava com uma das maiores crises pelas quais a companhia havia passado desde sua fundação, em 1953.

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A Petrobras teve prejuízos em 2014 (R$ 21,9 bilhões), 2015 (R$ 34,8 bilhões), 2016 (R$ 14,8 bilhões) e 2017 (R$ 446 milhões). No primeiro trimestre de 2018, pela primeira vez desde o início da operação Lava Jato, ela apresentou lucro, de R$ 6,9 bilhões, e distribuiu dividendos depois de quatro anos sem remunerar seus acionistas.

Este é, contudo, o pior momento de Parente na estatal desde que assumiu o cargo. Diante da crise aberta pelas paralisações de caminhoneiros, a política de preços adotada há dois anos pela companhia, que busca a paridade com preços internacionais, passou a ser questionada e criticada.

Membros do governo, como o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, defenderam nos últimos dias uma revisão do sistema de preços e senadores – inclusive do PSDB, partido com o qual Parente sempre teve boa relação – chegaram a cobrar no plenário que ele fosse demitido.

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Engenheiro, Parente foi funcionário da área contábil do Banco Central e, no governo Sarney, foi convidado por Andrea Calabi, então secretário do Ministério do Planejamento, para ir à recém-criada Secretaria do Tesouro Nacional.

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Em 1991, já no governo Collor, o técnico assumiu a secretaria de Planejamento do então Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, onde assumiu a elaboração e execução do orçamento da União.

Depois do processo de impeachment e posterior renúncia de Collor, Parente foi para o exterior e ficou no Fundo Monetário Internacional (FMI) até 1993.

Ele estreou no governo Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, como secretário-executivo da pasta, chefiada então por Pedro Malan.

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Passados quase 15 anos – durante os quais foi vice-presidente executivo do grupo RBS (2003 a 2009) e CEO da Bunge (2010 a 2015), empresa do setor de agronegócio -, Parente foi chamado novamente para debelar uma crise, desta vez na Petrobras.

Uma das marcas de sua gestão e a principal manifestação prática do “acabou a influência política na Petrobras” que marcou seu discurso de posse foi a mudança na política de preços.

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Até o início deste ano, o cenário internacional vinha ajudando Pedro Parente.

Há alguns meses, contudo, a trajetória dos dois preços que determinam o valor do combustível ficou cada vez mais desfavorável para os consumidores brasileiros.

O petróleo, depois de dois anos em mínimas recordes, vem ficando mais caro desde junho de 2017. De US$ 30 no início de 2016, o barril atingiu US$ 80 neste ano.

O dólar, por sua vez, tem ficado mais caro diante do aumento dos juros nos Estados Unidos – à medida que ele eleva a rentabilidade dos ativos americanos, considerados mais seguros, estimula a saída de dólares de mercados como o Brasil.

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O agora ex-presidente da Petrobras Pedro Parente (Foto: José Cruz/Agência Brasil)