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Contradizendo Witzel, homicídio caiu mais onde polícia matou menos no Rio

28.jan.2020 – Wilson Witzel em inauguração de base do Segurança Presente em Madureira, zona norte do Rio
Imagem: Eliane Carvalho/Divulgação

De Igor Mello no UOL.

Ao contrário do que vem afirmando o governador Wilson Witzel (PSC), o recorde de mortes cometidas por policiais no Rio em 2019 não tem relação com a redução no número de homicídios. Levantamento feito pelo UOL com dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostra que a redução nas mortes violentas foi maior em áreas onde o número de mortes cometidas por policiais caiu, contradizendo o discurso oficial adotado pelo governo fluminense.

O levantamento comparou os registros de mortes por intervenção de agentes do Estado —quando policiais matam em supostos confrontos— e o indicador CVLI (crimes violentos letais intencionais), que soma os homicídios, os latrocínios e as lesões corporais seguidas de morte. Nas 55 áreas onde houve aumento das mortes cometidas por policiais, a redução foi de 15,2% nas mortes violentas— de 2.952 casos em 2018 para 2.503 no ano passado. Já nas 82 áreas onde a letalidade policial caiu, a queda de mortes violentas foi de 27,7% —de 2.228 vítimas em 2018 para 1.651 no primeiro ano da gestão Witzel.

Em números absolutos, as maiores quedas de mortes violentas ocorreram na área da delegacia de Guarus, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e em Santa Cruz, na zona oeste da capital —esta última área foi completamente dominada pela milícia em outubro de 2018. Em ambos os casos, houve redução também nas mortes cometidas por policiais.

Em diversos momentos de seu primeiro ano de mandato —e sobretudo quando era questionado por casos de inocentes mortos em operações policiais— Witzel repetiu o argumento de que a atuação das polícias “salvou vidas”, atribuindo a redução das mortes violentas no estado diretamente à política de confronto adotada por sua administração —que registrou em 2019 a maior letalidade policial da história do Rio.

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