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Coronavírus pode destruir a saúde e a economia no Brasil, diz economista

Amostra laboratorial do coronavírus

Da coluna de Monica de Bolle na Época:

Como uma epidemia global de síndrome respiratória aguda severa (sars em inglês) se assemelha a uma crise econômica? Qual a relevância do câncer para compreendera economia? Por que um especialista em crise precisa saber um pouco de medicina?(…)

Escrevi minha tese de doutorado, desenvolvida na London School of Economics, sobre crises financeiras. Considerem o sistema imunológico. Ele consiste em uma rede formada por todo tipo de célula, sendo as células distribuídas pelo corpo inteiro – estão no sangue, na medula óssea, nos linfonodos.(…) Essa coleção de células trabalha em conjunto, como uma sinfonia sem maestro, de forma organizada, porém, sem controle central. É como o sistema econômico, em que as células são as empresas, os consumidores, os bancos, o governo, que se auto-organizam e interagem de forma complexa, em rede.

O Brasil enfrentará muito em breve uma crise que mistura medicina e economia como nenhuma outra o fez. Ela não tem precedentes, nem manual, tampouco protocolos. Para controlar o estrago da doença – falo da que levará ao sofrimento físico e financeiro – é preciso reconhecer que o cenário mudou e as medidas de estímulo são necessárias.

Não fazer nada é garantir a inevitável recessão, que, junto com a COVID-19, atacará a população mais vulnerável. Chamar de fantasia aquilo que já é concreto é mais do que irresponsável: é desumano. A COVID-19 pode ser devastadora para os pulmões mesmo daqueles que dela se recuperam. A recessão será devastadora para todos os subempregados, a população mais pobre, os idosos desamparados e qualquer pessoa que precise de atenção hospitalar. Serão muitas, inclusive os jovens.

(…)