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Coronel negro reformula manual da PM para combater racismo, que ‘não será tolerado’

PM Paulo Evanilson Corrêa de Souza. Foto: Arquidiocese de São Paulo/Reprodução

De Tahiane Stochero no G1 SP.

“O negro tem pressa, porque é muito tempo sofrendo a mesma coisa. O racismo está enraizado nas pessoas historicamente e culturalmente e elas não percebem isso“. A frase é do tenente-coronel da PM de São Paulo Evanilson Corrêa de Souza, negro, de 50 anos, encarregado de rever o manual de Direitos Humanos da corporação para, como ele mesmo diz, “contribuir para a desestruturação do racismo estrutural”.

A ideia, segundo o coronel que comanda o 11º Batalhão da PM, na área dos Jardins/Consolação, região central da capital paulista, é fazer com que os policiais paulistas reflitam e se conscientizem de que o racismo está presente no dia a dia nas ruas e identifiquem atos discriminatórios próprios e de colegas que possam ser corrigidos.

O atual manual da PM é de 1998 e a nova versão, segundo Souza, deve ficar pronta no 1º semestre de 2021.

“É importante mostrar para as pessoas que o racismo existe, que não é exagero, não é só um costume, uma brincadeira, um jeito. Porque é cultural e tradicional dessa forma (de discriminação). É um racismo estrutural da sociedade que se arrasta até os dias de hoje”, disse Souza ao G1, ele próprio já vítima de racismo.

“Não será uma caça às bruxas, mas não vamos mais tolerar discriminações de nenhuma forma”, afirma o coronel.

A revisão do manual começou paulatinamente em 2014, quando começaram a surgir algumas ideias sobre a necessidade de aperfeiçoamento das premissas da corporação em respeito à diversidade cultural e religiosa, mas termina em um ano marcado por ocorrências polêmicas envolvendo atos racistas no Brasil e no mundo.

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