Crânio de urso que lutou com gladiadores é encontrado próximo a anfiteatro romano

A descoberta de um crânio de urso-pardo danificado próximo ao anfiteatro romano de Viminacium, na Sérvia, fornece a primeira evidência osteológica direta do uso desses animais em espetáculos de gladiadores. O estudo, publicado na revista “Antiquity”, indica que o animal morreu há aproximadamente 1.700 anos devido a complicações de uma infecção proveniente de traumas sofridos nas arenas.
“Não podemos afirmar se o urso morreu na arena, mas as evidências indicam que o trauma ocorreu durante espetáculos e a infecção subsequente provavelmente contribuiu para a sua morte”, explicou Nemanja Marković, pesquisador do Instituto de Arqueologia de Belgrado. O crânio foi encontrado junto a ossos de outros animais, como um leopardo, próximo à entrada da arena construída no século II d.C.
Análises de DNA revelaram que se tratava de um urso macho de cerca de 6 anos, natural da região. A datação por carbono situou o período entre 240 e 350 d.C. O crânio apresenta uma grande lesão frontal com sinais de cura e infecção, possivelmente infligida por uma lança de gladiador. A mandíbula mostra infecção e desgaste dental, indicativo de tentativas de roer barras de gaiolas.
“Este urso foi provavelmente mantido em cativeiro por anos, não apenas semanas”, avaliou Marković. A pesquisa confirma relatos históricos sobre a participação de ursos-pardos em espetáculos romanos, onde eram forçados a lutar contra caçadores, outros animais ou realizar apresentações coreografadas.