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Cratera em MG pode desbancar China e abastecer 20% do planeta com terras raras

Região da cratera do vulcão de Poços de Caldas (MG) tem cerca de 100 pedidos de pesquisa de solo para terras raras – Foto: Agência Nacional de Mineração (ANM)

Uma cratera de vulcão extinto em Poços de Caldas (MG) pode colocar o Brasil no centro da disputa global por terras raras. A região concentra até 300 milhões de toneladas desses minerais estratégicos, essenciais para tecnologias como carros elétricos e turbinas eólicas. Segundo o geólogo Álvaro Fochi, o potencial da jazida pode atender 20% da demanda mundial. Empresas brasileiras e estrangeiras já solicitaram mais de 100 autorizações para pesquisa, e duas mineradoras australianas devem iniciar a exploração até 2027.

As terras raras da cratera têm uma vantagem competitiva: estão presentes em argilas iônicas próximas à superfície, o que facilita a extração, reduz custos e causa menos impacto ambiental. Esse modelo, chamado backfill, permite abrir e recuperar áreas de forma contínua. A facilidade de acesso coloca a região como a única fora da China capaz de competir em escala e eficiência. Apenas 15% da área já revelou 2 bilhões de toneladas de argila rica em terras raras.

O interesse dos Estados Unidos cresceu diante da dependência da China, que domina mais de 90% da produção global. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração, diplomatas americanos manifestaram interesse formal nos minérios estratégicos brasileiros. Com 21 milhões de toneladas em reservas, o Brasil tem a segunda maior concentração do mundo e mapeia jazidas em vários estados. O governo federal apoia o setor com financiamento a projetos e busca criar uma cadeia produtiva nacional.