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Cresce o número de assassinatos de ativistas de direitos humanos no Brasil, aponta Anistia Internacional

A cova dos trabalhadores rurais executados no Pará

Do G1

Entre janeiro e agosto deste ano, 58 defensores dos direitos humanos foram mortos no Brasil. É o que aponta o relatório “Ataques letais, mas evitáveis: assassinatos e desaparecimentos forçados daqueles que defendem os direitos humanos”, divulgado nesta terça-feira (5) pela Anistia Internacional.

Em todo o ano de 2016, foram 66 ativistas mortos no país.

“E os números vêm aumentando a cada ano”, continua Renata.

De acordo com o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, responsável pelo levantamento repassado à Anistia, a maioria dos 58 mortos era composta por pessoas envolvidas com questões ligadas ao meio ambiente e à disputa da terra, como indígenas e trabalhadores rurais sem-terra.

O relatório afirma que os números dos últimos anos revelam “um padrão contínuo de homicídios” no Brasil. Como exemplo de conflito agrário, o documento cita a chacina de Pau D’Arco, no Pará, quando uma operação policial na fazenda Santa Lúcia terminou com dez trabalhadores rurais assassinados, em maio deste ano.

“Dois meses depois, em julho, um dos líderes do grupo de trabalhadores rurais, Rosenildo Pereira de Almeida, também foi morto a tiros. Os sobreviventes do massacre continuam a temer por suas vidas”, diz o relatório da Anistia.

O documento também cita os ataques à comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer) e afirma que “o Brasil tem um dos maiores números de homicídios registrados de transgêneros no mundo, o que aumenta os riscos para ativistas transgêneros que reivindicam direitos humanos”.

Na sequência, o relatório lembra o caso da travesti Mirella de Carlo, encontrada morta em seu apartamento em Belo Horizonte, em fevereiro.

De acordo com Guadalupe Marengo, coordenadora do Programa Global de Defensores de Direitos Humanos da Anistia Internacional, as mortes e os desaparecimentos relatados no documento foram, muitas vezes, precedidos de agressões anteriores “para as quais as autoridades fecharam os olhos ou até mesmo encorajaram”.

Ainda no que diz respeito ao Brasil, o relatório afirma que a situação “parece ter piorado desde que o Programa Nacional para a Proteção dos Defensores de Direitos Humanos foi enfraquecido, em 2016”.

“O desmonte do programa e a falta de investigação e responsabilização coloca centenas de homens e mulheres em risco todos os anos. É fundamental que o Estado brasileiro implemente políticas concretas para garantir a proteção dos defensores”, diz Renata Neder, da Anistia no Brasil.