Apoie o DCM

Crise faz Crimeia reviver tensão histórica

Quando, em dezembro do ano passado, o presidente Vladimir Putin foi questionado se a Rússia enviaria tropas à península da Crimeia, respondeu de forma contundente: “Isso é uma completa estupidez”.

Mas, em meio à atual crise ucraniana, é a sua declaração que parece não fazer mais sentido.

Nesta sexta-feira havia sinais de que tropas das Forças Armadas russas estariam se deslocando para a Crimeia. O presidente em exercício da Ucrânia, Oleksander Turchinov, acusou Moscou de agressão e provocação.

A península no Mar Negro, que tem território equivalente à metade da Suíça e clima comparável ao da mediterrânea Côte d’Azur, é dona de um passado turbulento. Os povos nômades citas, gregos, tártaros e turcos dominaram a região da Crimeia durante séculos, até a chegada dos russos.

“A Crimeia sempre foi a menina dos olhos do Império Russo”, diz Wilfried Jilge, especialista em Leste Europeu da Universidade de Leipzig, na Alemanha. Segundo ele, o sonho dos czares russos era ter acesso ao Mar Negro – o que foi concretizado por Catarina, a Grande. Em 1783, a Crimeia foi anexada ao Império Russo.

Em 1954 a península foi incorporada administrativamente à Ucrânia, então parte da antiga União Soviética, por iniciativa do então chefe do Partido Comunista, Nikita Khrushchev.

Após a queda da URSS, a Crimeia passou integrar a independente Ucrânia. A situação gerou forte tensão, pois cerca de dois terços da população da península tem origem russa. Em 1992, o Parlamento russo considerou inválida a decisão de Khrushchev, e a Crimeia declarou sua independência do governo ucraniano.

Não existem pesquisas de opinião recentes que revelem como a população da Crimeia enxerga seu futuro. Mas há dados que mostram essa percepção indiretamente. Segundo um levantamento de junho do ano passado, apenas 31% dos moradores da Crimeia apoiam a Ucrânia como um Estado independente. Outros 36% são contrários – em sua maioria russos.

Saiba Mais: DW