Crise financeira do Rio abala a rotina de quem mais precisa dos serviços públicos
Da Folha:
“Paguei o aluguel, luz e água e só sobraram R$ 50 na carteira. Não vou poder fazer uma compra para os meus filhos”, diz a desempregada Veridiana Viana Fonseca, 45.
Ela é uma das cerca de 10 mil beneficiadas com o programa Aluguel Social, que atende a desabrigados por tragédias no Rio e, antes mesmo de ser extinto, já vem atrasando os repasses.
Fonseca perdeu sua casa, na comunidade da Garganta, em Niterói, nas chuvas que deixaram centenas de mortos no Rio em 2010. Desde então, ela aguarda um dos apartamentos do Minha Casa, Minha Vida prometidos pelo governo aos desabrigados.
Com o recrudescimento da crise financeira do Estado, os repasses começaram a atrasar e são hoje um motivo de embate entre o governo e a Defensoria Pública do Estado, que na semana passada obteve novo arresto na Justiça, de R$ 4,2 milhões, para o pagamento de outubro.
Desempregada há dois anos e fazendo faxina como bico, Fonseca mora com dois dos quatro filhos em uma casa de dois quartos no bairro Santa Isabel, em Niterói.
Estava grávida do mais novo, Pedro, quando ocorreu a tragédia que levou sua casa. O menino nasceu logo depois e passou os primeiros meses de vida em abrigos.
Hoje, ela recebe R$ 400 do programa social, que complementa a pensão de R$ 1.150 que as crianças começaram a receber após a morte do pai.
“Se não tivesse que pagar aluguel, a pensão me bastaria”, diz Fonseca, que paga R$ 850 de aluguel e teve que largar a faculdade de direito quando ficou desempregada. Uma das líderes dos desabrigados, ela se candidatou a vereadora de Niterói neste ano, mas recebeu 36 votos.
O programa social paga benefícios de R$ 400 a R$ 650 por mês e será extinto em junho de 2017, caso o pacote lançado pelo governador Luiz Fernando Pezão para reequilibrar as finanças do Estado seja de fato implementado.
(…)