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Cristiane é a artilheira da seleção que voltou para reerguer o futebol feminino no Brasil

Atleta do São Paulo, Cristiane brilhou na estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo Feminina (Foto: AFP)

Perfil de Diogo Magri no El País Brasil.

A atacante Cristiane foi a responsável pela boa estreia do Brasil na Copa do Mundo feminina contra a Jamaica, neste domingo, marcando três vezes na vitória por 3 a 0 em Grenoble, França. Aos 34 anos, a camisa 11, que não jogava pela seleção brasileira desde fevereiro de 2018 — e, portanto, não esteve presente nas nove derrotas do treinador Vadão que fizeram a equipe chegar contestada no Mundial — apareceu como grande referência do time sem Marta, chegando a 10 gols marcados em Copas do Mundo e ascendendo uma esperança de que o Brasil possa se reerguer com uma boa campanha em território francês. Com o hat-trick, ela se coloca entre Leônidas da Silva e Pretinha, as duas únicas figuras do futebol brasileiro que marcaram três gols em uma estreia de Copa. Se é uma estrela dentro de campo, fora dele ela é quase uma embaixadora; em 2019, Cris aceitou voltar para seu país e jogar a segunda divisão nacional pelo São Paulo, clube que está entre aqueles que começaram a colaborar com a estruturação profissional da modalidade no Brasil

O sucesso de Cristiane já era visível em sua apresentação no clube paulista, no dia 26 de março, no estádio do Morumbi. Naquela terça-feira pela manhã, uma fila de repórteres e cinegrafistas rodiava o treino da equipe de futebol profissional do São Paulo, onde flagravam atividades de bola parada orientadas pelo treinador e focavam os cliques na principal novidade do time, que estava treinando pela primeira vez com a camisa do novo clube. Qualquer desavisado acharia que, devido à quantidade de câmeras, aquilo se tratava da apresentação de uma das estrelas do milionário time masculino tricolor, como Alexandre Pato ou Hernanes, mas não da nova atacante da equipe feminina. “É uma grande oportunidade de fazer crescer a visibilidade em cima do futebol feminino”, comentou Cris ao observar tanta mídia na beira do campo.

O que levou aquelas câmeras à apresentação de uma jogadora é o vasto currículo de Cristiane. Ela é a maior artilheira da história das Olimpíadas, onde tem duas medalhas de prata (2004 e 2008), foi a terceira melhor do mundo por duas vezes (2007 e 2008) e já venceu Pan-americano, Libertadores e Champions League. A atacante, principal parceira de Marta nos melhores tempos da camisa 10, veio para jogar a segunda divisão nacional no São Paulo em 2019. Isso porque o clube paulista se estruturou para voltar com seu time profissional feminino, depois de 13 anos de inatividade, na primeira temporada em que a CBF exige de todas as equipes da série A do campeonato brasileiro masculino um time profissional e um juvenil feminino. Começar do zero no adulto significa jogar a divisão de acesso no primeiro ano.

“Apesar de serem obrigados, sei que os times estão fazendo de boa vontade. [A regra] é importante para o crescimento da modalidade”, confia Cris. Ela se estende para todas as equipes masculinas que disputam competições da Conmebol, como a Libertadores. “Nada que é obrigado me cheira bem, porque é frágil. Se troca o presidente [da CBF], isso pode cair”, alerta Lucas Piccinato, treinador do São Paulo feminino. “Mas a medida agrega uma quantidade importante de marcas para a modalidade”, admite.

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