Crivella pode diminuir repasses de dinheiro para a Globo em “parcerias” de obras e publicidade
Da Folha:
O conflito entre o prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), e o Grupo Globo poderá ter impacto sobre as parcerias hoje existentes da empresa com o município.
Ao longo dos oito anos da gestão Eduardo Paes (PMDB), que deixa o cargo em janeiro, o grupo de comunicação atuou nas áreas de educação, cultura e eventos da cidade.
Por meio da Fundação Roberto Marinho, o grupo foi responsável pela reforma do edifício D. João para sediar o Museu de Arte do Rio (MAR) e pela concepção do Museu do Amanhã, símbolos da revitalização portuária.
O grupo recebeu da prefeitura R$ 89,6 milhões pelas duas obras. A fundação ainda participa dos conselhos dos museus, sem remuneração.
O município também patrocina, desde 2011, a Infoglobo, empresa ligada ao grupo, na realização de eventos de gastronomia, educação, moda, música e Carnaval.
O Grupo Globo recebeu R$ 132 milhões da prefeitura por meio da Fundação Roberto Marinho e da Infoglobo, sem incluir pagamentos por publicidade.
A continuidade das parcerias depende de Crivella, que chamou a emissora de TV do grupo de “inimiga jurada” de sua candidatura.
(…)A escolha inicial pode se refletir também na disputa por verbas de publicidade.
A prefeitura não divulga a distribuição por emissora, mas a Folha apurou que a Record não recebeu nada dos R$ 86 milhões pagos em publicidade neste ano.
No ano passado, foram apenas R$ 4,5 milhões dos R$ 105,4 milhões gastos, enquanto a TV Globo teve cerca de R$ 23 milhões.
Paes decidiu interromper os repasses à Record por suspeitar que a emissora estivesse favorecendo em seu noticiário o senador, rival de seu aliado Pedro Paulo (PMDB) na disputa pela sucessão.
Atribuía a esse fato uma série de reportagens que apontavam suspeitas sobre políticos do PMDB.