Cultura da corrupção engole a elite brasileira, diz Financial Times

O escândalo de suborno envolvendo o presidente Michel Temer e a JBS “atingiu o cerne do sistema político” e mostra o “favoritismo corporativo” que envenenou as tentativas do país de realizar todo o seu potencial como Nação.

Este é o tom do artigo especial na coluna “Big Read”, no Financial Times, com assinatura dos correspondentes Joe Leahy e Andres Schipani, com chamada de capa na edição do jornal, estampando foto de Michel Temer.

Para os procuradores da República do Brasil, a Polícia Federal e os juízes, consultados pelo jornal, o acordo de delação da JBS representa um novo triunfo da Lava Jato em sua batalha empreendida nos últimos três anos para combater a corrupção endêmica.

No entanto, as perguntas não respondidas são para saber se os resultados espetaculares dessas investigações, que já implicaram uma grande fatia da elite política, acabarão por desmantelar o nexo corrupto entre governo e grandes empresas, ou se deixará permanecer os incentivos do Estado que dão lugar ao suborno.

Na avaliação de Paulo Sotero, diretor no Brasil do Instituto Woodrow Wilson Center, “temos uma corruptocracia no Brasil”, Um sistema em que os congressistas vendem seus serviços pela propina de maior valor. “É um completo self-service, não tem nada a ver com os interesses do país. Isso está esgotado. Temos que remover isto”, declara o analista.

O texto aponta que poucos grupos econômicos se utilizaram tão bem deste sistema como a JBS, que durante as gestões de Lula e às custas do BNDES, se tornou um campeão nacional, seguindo modelo das estatais chinesas ou os conglomerados sul-coreanos.

Além da JBS, o texto cita também entre as favorecidas pela política do BNDES, a Odebrecht, Petrobras, Embraer, Ambev. “O governo brasileiro concedeu tanto subsídio (via BNDES) ao longo dos últimos sete anos quanto os EUA emprestaram para a Europa durante o Plano Marshall”, opina Marcos Lisboa, presidente do Insper.

A reportagem especial ocupa uma página do jornal e traz retranca detalhando o encontro entre Michel temer e o presidente da JBS, Joesley Batista, um gráfico com o volume de créditos do BNDES ao setor corporativo e um resumo das atividades da Lava Jato em três anos de atuação.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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