Cultura true crime e extrema direita: como a indústria do medo alimenta projetos autoritários

A popularização de conteúdos true crime no Brasil ampliou espaço para narrativas que exploram o medo. Histórias de violência são consumidas diariamente por milhões e influenciam debates sobre segurança. Esse cenário favorece agendas que defendem endurecimento penal e soluções autoritárias.
Grupos da extrema direita utilizam o ambiente emocional criado pelos casos para impulsionar discursos simplificados. A lógica é transformar exceções em regra, fomentando sensação de caos constante. A vigilância e a repressão aparecem como únicas alternativas. É terreno fértil para manipulação política.
A indústria do entretenimento também contribui. Programas, séries e vídeos viralizam crimes violentos, criando atmosfera de ameaça permanente. A sensação de insegurança passa a orientar decisões políticas e eleitorais. O impacto é profundo e muitas vezes pouco discutido.
Pesquisadores alertam que esse consumo contínuo reforça estereótipos sobre pobreza e criminalidade. A narrativa tende a criminalizar territórios inteiros. Isso alimenta políticas de exceção que atingem majoritariamente populações vulneráveis. É caminho preocupante para a democracia.
