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Dallagnol posa de herói de olho em vaga no Senado em 2022, diz Reinaldo Azevedo

De Reinado Azevedo no UOL

Deltan Dallagnol deixa a força-tarefa. É função do jornalismo prestar atenção à linguagem e à coreografia política que acompanham essa renúncia, chamando à memória conteúdos objetivos, saídos das pontas dos dedos do próprio procurador. Os encômios sobre o seu esforço e denodo ficam sob a responsabilidade e literalmente por conta do Ministério Público Federal. Nessa hora, fala a corporação. Os elogios são imerecidos. Dallagnol contribuiu para desmoralizar o combate à corrupção.

Mas a esse falso heroísmo se junta um drama pessoal: pessoa de sua família estaria com problema de saúde, a requerer a sua atenção. Como deve continuar a trabalhar, devemos entender que a coordenação da Lava Jato cobra dele, na versão oficial, um tempo extra que estaria roubando de sua própria família, num sinal de que o combate à corrupção exige da personagem esforço quase além da força humana. E é certamente por nós e pelo Brasil que ele sacrifica sua própria vida privada. Um herói! (…)

Tudo indica que estamos assistindo ao início da saída supostamente heroica de um procurador da República, que tão precocemente atingiu o estrelato, e ao nascimento da pré-candidatura de um postulante ao Senado.

(…)