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“Dava para ver todos os ossos do corpo do bebê”: relatos sobre a volta da fome no Brasil

PASTORAL DA CRIANÇA

Da BBC:

“O que me impactou, ao abrir aquela rede, foi ver ele gemendo, com o olhar parado, sem nenhuma lágrima”, relembra ela. “E a gente podia contar todos os ossos do corpo dele. Não tive reação.”

A cena ocorreu em maio de 2019, em uma casa na zona rural de Rio Branco, capital do Acre, onde Maria José Oliveira Sousa Silva é coordenadora estadual da Pastoral da Criança. Desde então, Maria José vê um empobrecimento ainda maior das comunidades atendidas.

“Temos famílias aqui que não têm nenhum salário, que me ligam à noite dizendo que não comeram nada o dia inteiro. Famílias em que o pai volta do dia de trabalho sem dinheiro para alimentar todos os filhos. Na pandemia, recebemos muitos pedidos de ajuda, de gente passando fome e vivendo do mínimo, sem casa para morar. Quem era pobre ficou miserável. A situação está se agravando, e muitos se perguntam: ‘como vai ser quando acabar o auxílio emergencial (do governo)?’.”

O caso de Lucas acendeu um alerta dentro da coordenação geral da entidade beneficente, que atende crianças em situação de vulnerabilidade no Brasil desde a década de 1980. “Já no ano passado, mesmo antes da pandemia, a gente vem percebendo que o pessoal (equipes nas esferas estaduais) está voltando a relatar casos graves de subnutridos”, diz à BBC News Brasil o médico Nelson Arns Neumann, coordenador da Pastoral da Criança.

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