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De Armínio Fraga a membro da CUT: quem serão os oradores do ato de 11 de agosto na USP

Fachada da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no Centro de São Paulo, anuncia data para leitura do manifesto em defesa da democracia
Foto: Divulgação/USP

Nesta quinta (11), a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” será lida na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e contará com 15 oradores.

A abertura do ato será feita pelo reitor da instituição, Carlos Gilberto Carlotti, que passará o microfone para Oscar Vilhena Vieira, professor da FGV Direito, que representa o comitê que articulou o manifesto. Em seguida, quem discursa é o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. A informação é da Folha de S.Paulo.

Na sequência, os oradores serão: Telma Aparecida, representante da CUT (Central Única dos Trabalhadores); Raimundo Bonfim, da Frente Brasil Popular; e a advogada Beatriz Lourenço do Nascimento, coordenadora da Uneafro e integrante da Coalizão Negra por Direitos.

Horácio Lafer Piva, empresário da Klabin, Enilson Simões, presidente do Sindbast (Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos de SP), Neca Setúbal, socióloga, e Débora Lima, membro da Frente Povo sem Medo, são os próximos na lista.

A apresentação do documento ainda contará com os discursos de Bruna Brelaz, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), e Patricia Vanzolini, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O penúltimo orador que integra a lista é José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e presidente da Comissão Arns, que dará o microfone a Celso Campilongo, diretor da Faculdade de Direito da USP, que encerrará o evento.

Cada um deles terá dois minutos para seus discursos.

Leia a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” na íntegra:

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o Estado Democrático de Direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais. Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular. A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição: ‘Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição’.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral. Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito.

Vivemos em um país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições. Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira.

São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional. Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão. Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos às brasileiras e aos brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:
Estado Democrático de Direito Sempre!

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