De festeira a mulher-bomba: quem era Hasna Aitboulahcen
Da BBC:
Acredita-se que Hasna Aitboulahcen, de 26 anos, seja a pessoa que se explodiu durante o cerco policial na quarta-feira a um apartamento em Saint-Denis, ao norte de Paris.
A operação da polícia tinha como alvo Abdelhamid Abaaoud, principal suspeito de planejar os atentados da semana passada na capital francesa. Autoridades francesas confirmaram que Abaaoud morreu durante a ofensiva, que envolveu uso de granadas pelos dois lados e mais de 5 mil tiros disparados.
As circunstâncias ainda não estão plenamente esclarecidas: nesta sexta-feira, foi ventilada na imprensa francesa a hipótese de que a pessoa que se autoexplodiu tenha sido um homem, e não Hasna. Mas a informação não foi confirmada oficialmente.
Nascida em 1989 em Clichy-la-Garenne, subúrbio de Paris, Hasna era filha de pais marroquinos, que migraram para a França em 1973. A BBC conversou com duas mulheres que conheciam aquela que já está sendo chamada de “a primeira mulher-bomba da Europa”.
Khemissa, que estudou e cresceu com ela, disse que a Hasna que conheceu “amava a vida”, mas a descreveu como “vulnerável” e “frágil”. “Ela era uma criança modelo.”
“Não creio que ela tivesse intenção de ser uma mulher-bomba”, disse. “Não acho que ela tenha planejado isso, deve ter sido uma coisa de última hora – ela foi influenciada.”
A amiga sabia que Hasna já havia escrito no Facebook que tinha interesse em viajar para a Síria.
“Nós não acreditamos nela. Achamos que eram palavras sem sentido. Ninguém a levava a sério, ela era um pouco doida, um pouco mentirosa. Pensávamos que era para impressionar.”
E ela era religiosa? “Talvez ela tenha passado por uma espécie de lavagem cerebral, ou tenha sido influenciada. Ela era uma pessoa fraca. Eles chegaram no momento certo, e encontraram a pessoa certa”, afirma a amiga.
Dada a violência extrema dos ataques em Paris, sugestões que Hasna tenha sido uma vítima nessa história serão naturalmente encaradas com indignação.
Mas outra mulher que disse ter conhecido a mulher-bomba disse não acreditar que “ela era uma terrorista”.
A mulher, que não quis revelar sua identidade, confirmou que Hasna havia passado parte da infância sob cuidados de diferentes pais adotivos. Afirmou que o pai dela abandonara sua mãe e irmãos. “A família tinha problemas.”
Ela “teve uma infância triste”, disse a conhecida. “Mas nunca teria imaginado que faria isso. Ela era muito sorridente e educada.”
Relatos sobre Hasna publicados pela imprensa britânica descrevem a mulher como uma jovem hedonista, que usava roupas ocidentais, consumia álcool e frequentava casas noturnas. Segundo esses relatos, ela não tinha hábitos muçulmanos e só recentemente passou a demonstrar interesse por política e violência.
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