De onde vem a paixão por política do médico Roberto Kalil Filho
Da piauí, num perfil de 2012:
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O avô do cardiologista foi um dos fundadores da hípica, clube que congrega cerca de 600 sócios na Zona Sul de São Paulo. O pai, Roberto Kalil, foi um montador de renome, quatro vezes campeão brasileiro por equipe, uma vez na categoria individual. Herdeiro de uma mina de quartzo e de um poço de areia na região da Grande São Paulo, sua ocupação principal eram os cavalos. Costumava se reunir com amigos militares às quartas-feiras para treinar salto. Foi nesse ambiente que conheceu João Baptista Figueiredo, antes que este chegasse à Presidência. Tornaram-se muito próximos. Mais tarde, já presidente, o general ficaria marcado pela declaração de que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo. Mesmo no poder, jamais deixou de frequentar a casa dos Kalil.
“Olha aqui o Beto novinho, sentado do lado do Figueiredo”, apontou para o retrato Guiomar Kalil, uma senhora de cabelos impecavelmente arrumados e sapatos de lacinho. No 2º andar de sua residência, no Jardim Guedala, bairro rico de São Paulo, cercada de fotografias que ilustram a vida social da casa, ela falou sobre o filho. “Ele sempre gostou muito de política. Quando o Figueiredo vinha aqui, ficava esperando no portão.” E acrescentou que o irmão mais novo, o ginecologista e obstetra Renato Kalil, nunca demonstrou o mesmo interesse pelos convidados ilustres.
Até hoje Paulo Maluf é uma presença assídua na casa de Guiomar. Ele chegou a namorar uma tia de Kalil, irmã do seu pai, antes de se casar com Sylvia Lutfalla. “Namoro platônico, coisa de antigamente”, contou Maluf. Afeiçoado desde menino ao tio postiço, Kalil foi militante da Juventude Malufista. Em 1986, quando Maluf se candidatou ao governo do Estado, o estudante tinha camisetas e bandeiras de campanha armazenadas em casa. Os colegas de faculdade o apelidaram de “Kaluf”.
No altar do primeiro casamento, com Fernanda Luna, em 1989, os três casais de padrinhos eram Paulo e Sylvia Maluf, Romeu e Zilda Tuma e, claro, João e Dulce Figueiredo. Guiomar abre um sorriso: “Até pouco tempo, a Dulce ligava pra dizer: ‘Guiguiii, eu não me conformo! O meu Beto atendendo esse Lula!’ Eu passava o telefone para ele, que explicava: ‘Dona Dulce, eu sou médico. Fiz um juramento, preciso atender todo mundo.’” A viúva do ex-presidente faleceu em 2011.
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