Apoie o DCM

De perfil ‘entreguista’, ex-presidente demitido por Bolsonaro da Petrobras focava em dividendos aos acionistas

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras

De Nicola Pamplona na Folha de S.Paulo.

Duas semanas antes de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar que iria tirá-lo do comando da Petrobras, Roberto Castello Branco comemorava o primeiro avanço no plano de venda de refinarias da Petrobras, com a proposta de US$ 1,65 bilhão do fundo Mubadala por uma unidade na Bahia.

O interesse pelo ativo, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, foi visto como um sinal de confiança na autonomia da estatal, tanto para definir os preços dos combustíveis, quanto para por em prática a estratégia de sair de setores considerados estratégicos e focar no pré-sal.

Criticada por sindicatos e pela oposição, a venda de oito refinarias era peça chave no reposicionamento estratégico da empresa proposto pela gestão Castello Branco, que acelerou o processo de venda de ativos iniciado em 2015 e mirava melhorar o retorno aos acionistas.

A nomeação do general Joaquim Silva e Luna para substituir Castello Branco, anunciada nesta sexta (19), abalou a confiança do mercado sobre a continuidade do plano e traz uma série de incertezas a respeito da independência comercial conquistada pela Petrobras ainda no governo Michel Temer.

Os primeiros reflexos da incerteza foram vistos no desempenho das ações na sexta, mas o efeito pode se aprofundar após declarações de Bolsonaro sobre novas mudanças em seu governo já na próxima semana. Mesmo apoiadores proeminentes, como o economista Rodrigo Constantino e o influenciador Leandro Ruschel, criticaram a decisão de Bolsonaro.

(…)

Sua visão de futuro contemplava uma Petrobras focada na atividade de exploração e produção e com ativos concentrados na região Sudeste —no refino, ficaria com apenas apenas 5 das 13 unidades que tem hoje para abastecimento dos maiores mercados consumidores– e boa pagadora de dividendos.

(…)