De tráfico de influência a participação em seita: entenda o escândalo que levou ao impeachment da presidente sul-coreana
Da BBC:
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, tornou-se a primeira governante democraticamente eleita do país destituída do cargo após um processo de impeachment.
Nesta sexta, os oito juízes do Tribunal Constitucional decidiram, por unanimidade, manter a decisão tomada pelo Parlamento em dezembro de retirá-lo do cargo por causa de um escândalo de corrupção.
Após o anúncio, milhares de pessoas saíram as ruas em manifestações a favor e contra a agora ex-governante. Duas pessoas morreram nos protestos e mais de 20 mil policiais foram mobilizados para isolar prédios governamentais da capital, Seul.
Park perdeu a imunidade e deve enfrentar um processo criminal. Novas eleições presidenciais devem ser realizadas em até 60 dias.
A assessoria da ex-presidente informou que ela não deixará o palácio de governo nesta sexta-feira nem fará nenhum pronunciamento.
Ao ler o veredicto, o Tribunal Constitucional afirmou que as ações de Park “comprometeram seriamente o espírito da democracia e do Estado de Direito”.
No centro do escândalo está a amizade entre a ex-presidente e Choi Soon-sil, filha do fundador da seita Igreja da Vida Eterna.
Park foi acusada de permitir que Choi tivesse acesso a documentos oficiais e que ela usasse as ligações com a presidente para pressionar empresas como Samsung, LG e Hyundai a fazer doações milionárias a fundações controladas por ela.
O Tribunal Constitucional considerou que Park “ocultou completamente a intromissão de Choi em assuntos de Estado, e, além de negar as primeiras suspeitas ainda criticou os que as levantaram”.
Em dezembro, o Parlamento da Coreia do Sul decidiu afastá-la do cargo por 234 votos a favor, 56 contra, sete nulos e duas abstenções.
O primeiro-ministro, Hwang Kyo-ahn, assumiu o comando interino da Coreia do Sul. Enquanto aguardava a decisão da corte, Park foi privada de todos os poderes, desde o controle do Exército até o direito a veto ou decisões de política externa.
O caso envolve uma amizade suspeita, acusações de tráfico de influência, vazamento de informação confidencial e envolvimento com uma seita religiosa. Park negou com veemência todas as acusações.
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