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Delator diz que não informou Lula e Dilma ‘de nada’

Da folha:

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa surpreendeu os integrantes da CPI criada pelo Congresso para investigar a estatal ao quebrar o silêncio e confirmar que entregou dezenas de políticos em seus depoimentos à Justiça, mantidos sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal.

Costa fez um breve histórico de sua entrada por concurso na estatal, em 1977, mas admitiu ter chegado ao alto escalão graças a indicações políticas –foi diretor de Abastecimento de 2004 a 2012.

Ele, que cumpre prisão domiciliar, diz estar “profundamente arrependido”.

“Desde o governo Sarney, governo Collor, governo Itamar, governo Fernando Henrique –todos–, governo Lula, governo Dilma, todos os diretores da Petrobras e diretores de outras empresas, se não tivessem apoio político, não chegavam a diretor. Isso é fato. Pode ser comprovado.”

E continuou: “Infelizmente, aceitei. Se pudesse, não faria isso. Esse cargo me deixou onde estou hoje”, disse.

Ele chegou a dizer que sonhava em ser presidente da Petrobras e que passou a sentir ojeriza do esquema do qual participava.

“Queria que ele explicasse o que é o enojamento’ e por que não tomou nenhuma ação para desenojar’ o processo”, afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Costa não deu novos detalhes sobre sua delação. Repetiu, porém, que confirma tudo o que foi dito, segundo ele, em mais de 80 depoimentos.

Disse que virou delator para “deixar a alma mais pura” e atendendo ao apelo da família. “Perguntaram: Por que só você, cadê os outros? Você vai pagar sozinho?'”

A disposição dele em falar animou a oposição. O deputado Izalci (PSDB-DF), questionou se o ex-presidente Lula e a presidente Dilma foram informados sobre os desvios.

Costa disse que, por ele, nunca. Aproveitou para desmentir que Lula o chamasse de Paulinho: “É folclore”.