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Delcídio afirma que Mercadante ofereceu “ajuda” para evitar delação

Do Valor:

Reportagem da revista “Veja” publicada hoje diz que teve acesso a uma gravação feita por um assessor do senador Delcídio Amaral (PT-MS), José Eduardo Marzagão, em que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), oferece ao senador auxílio financeiro e proteção à família do petista, além de gestões do governo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para soltar Delcídio, preso desde o fim do ano.

Mercadante é um dos ministros mais próximos de Dilma e foi chefe da Casa Civil durante parte do primeiro e segundo mandatos da petista.

A delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi homologada nesta terça-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que decretou o fim do sigilo.

Líderes de oposição defendem que, se confirmada a informação, o caso exige imediata demissão do petista.

“Se a presidente Dilma Rousseff tivesse o mínimo de dignidade, exoneraria esse ministro imediatamente”, afirmou o líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA). “Se comprovado de fato a veracidade da delação, não tem outra saída se não demitir imediatamente este ministro que tem usado o cargo para proteger criminosos”, afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).

Gravação

O ministro e o assessor teriam se reunido ao menos duas vezes no gabinete de Mercadante no ministério. As conversas, segundo a “Veja”, foram gravadas por Marzagão e entregues à Procuradoria-Geral da República por Delcídio, que, em depoimento formal, disse que o ministro “agira a mando de Dilma”. “Me senti pressionado pelo governo”, teria dito ele aos procuradores.

Confira os diálogos transcritos pelo site de “Veja”:

AM – O que é que tem que você acha que eu possa ajudar?

JEM – Ministro…

AM – De verdade. Tô falando assim. Eu tô aqui. Ó, eu falei: Eu não quero nem saber o que o Delcídio fez.

JEM – É.

AM – Eu quero… (inaudível) eu acho que ele devia esperar, não fazer nenhum movimento precipitado, ele já fez um movimento errado, deixar baixar a poeira, ele vai sair, a confusão é muito grande. Aí… entendeu?

JEM – Ministro, o problema é o seguinte.

AM – Pra ele não ser um agente que desestabilize tudo. Porque senão vai sobrar uma responsabilidade pra ele monumental, entendeu?

Ajuda financeira

A família de Delcídio pressionava o senador a fechar um acordo de delação premiada, Mercadante diz a Marzagão estar disposto a visitar a esposa e as duas filhas do petista. Informado de que elas enfrentavam dificuldades financeiras, pergunta como pode ajudar:

AM – É o seguinte, eu me disponho, já te falei isso reservadamente, eu faço uma agenda no Mato Grosso do Sul, eu tenho que ir visitar uma universidade, um instituto… eu falo ‘Maika, eu quero passar aí’ …da outra vez ela fez um jantar pra mim… quando eu fui lá fazer uma agenda e ela fez um jantar na casa. Então, ‘ó eu gostaria de passar aí, lhe dar um abraço e tal’, se tiver espaço.

JEM – Só pra você ter uma ideia, eles estão vendendo a casa.

AM – Pra não ficar expostos.

JEM – Não, até pra…

AM – Arrecadar dinheiro.

JEM – Arrecadar dinheiro. Os carros, a casa. A fazenda, porque é da mãe e do irmão, então lá não vai mexer. Aliás, o irmão tá vindo aí pra tratar desses assuntos. Assuntos financeiros mesmo.

AM – Patrimônio da família.

JEM – Patrimônio, as dívidas que ele tem. Pra você ter uma ideia da situação dele, o salário dele tem consignado. O salário do Delcídio tem empréstimo consignado, que ele está pagando.

AM – Bom, isso aí também a gente pode ver no que é que a gente pode ajudar, na coisa de advogado, essa coisa. Não sei. Pô, Marzagão, você tem que dizer no que é que eu possa ajudar. Eu só to aqui pra ajudar. Veja o que que eu posso ajudar.