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Denúncia contra Alckmin mostra como doleiro entregava dinheiro sujo a ex-assessor do governador

Geraldo Alckmin, do PSDB. Foto: Divulgação/Flickr Governo do Estado de SP

Do Estadão:

Mensagens trocadas por funcionários do doleiro Alvaro José Gallies Novis, e-mails do sistema de contabilidade paralela da Odebrecht e até um áudio de um ex-assessor do governo Geraldo Alckmin compõem a lista de provas obtidas pela Polícia Federal destacadas pelo Ministério Público Eleitoral na denúncia de caixa dois de R$ 11,3 milhões ao tucano em 2010 e 2014.

Em uma das mensagens, datada de 10 julho de 2014, dois agentes da Transnacional, empresa de Novis usada pela Odebrecht para o pagamento ilegal de vantagens indevidas, apontam a rua Manguatá, no luxuoso bairro do Brooklin, como endereço da entrega de R$ 1 milhão ao senhor ‘Eduardo Castro’ – no caso, Sebastião Eduardo Alves de Castro, ex-assessor do então tesoureiro de campanha Marcos Monteiro e destinatário final do repasse. A Promotoria lista a ordem cronológica da entrega, quando às 10h30 um funcionário avisa que ‘o pessoal está no local’ para a entrega, mas ‘não tem ninguém’.

Cinco minutos depois, um emissário de Novis liga para avisar da chegada da entrega, falando que se trata de uma ‘reunião’. Quem atende é Sebastião Alves de Castro, que responde: ‘Aguardo na porta’. Às 10h37, uma nova mensagem no chat do Skype da Transnacional: ‘ele disse que está indo na porta para recebelos (sic), qualquer coisa me fala’. As mensagens e a ligação foram obtidas pela Polícia Federal e reveladas pelo Estadão em 2018, quando Alckmin e Monteiro foram alvo de ação de improbidade administrativa apresentada pelo Ministério Público de São Paulo.

As idas e vindas à rua Manguatá foram registradas em mensagens de Skype da Transnacional em ao menos oito ocasiões ao longo de 2014 – em todas, o endereço listado é a casa que está em nome de Sebastião Alves de Castro desde 1993, segundo o Ministério Público Eleitoral. ‘Foi entregue ao próprio contato lá mesmo EDUARDO CASTRO’, escreveu um funcionário do doleiro, no dia 06 de agosto. As trocas de mensagens foram apresentadas à Justiça acompanhadas de planilhas elaboradas no sistema Drousys, usado pela Odebrecht para contabilidade paralela.

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