Deputado dono de ônibus e aliado de Geraldo Alckmin legisla em causa própria
Reportagem de Artur Rodrigues e Alencar Izidoro na Folha de S.Paulo.
Os caminhos do deputado estadual paulista Edmir Chedid (DEM) e do empresário Edmir Chedid se cruzam com frequência. De seu gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo, o aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) propõe leis e destina verbas para a mesma área de atuação das empresas de sua família.
A família Chedid é dona de um conglomerado de ao menos seis empresas da área de transporte —algumas delas envolvidas em processos na Justiça por suspeita de favorecimento em contratações sem licitação. Edmir consta como sócio em duas delas, a Expresso Fênix e a Rápido Fênix.
Um dos ramos de atuação é o transporte de alunos —em 2017, as viações dos Chedid faziam esse serviço em pelo menos oito cidades do interior de São Paulo. Em alguns casos, sendo pagas com recursos
estaduais de convênios.
Chedid está nas duas pontas: próximo do poder público e da iniciativa privada.
O gasto anual do governo Alckmin com seu programa de transporte escolar está na casa de R$ 1 bilhão e visa, principalmente, estudantes que vivem em áreas rurais.
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Em 2015, atendendo a uma reivindicação de Chedid, o governo Alckmin liberou R$ 1,9 milhão para transporte escolar em convênio com a cidade de Serra Negra, segundo o site da Assembleia.
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Em 2011, Chedid propôs remanejamento de R$ 1 milhão para o transporte de estudantes para diferentes cidades, incluindo Serra Negra. Em 2012, repasses estaduais de mais R$ 300 mil foram usados para pagar a Metrópolis, do irmão do próprio deputado.
Como representante do Legislativo, responsável pela fiscalização do Executivo, Chedid foi nomeado ao conselho consultivo da Artesp (agência de transporte do estado de São Paulo). Ligado ao governo Alckmin, o órgão regula o transporte intermunicipal no estado —justamente uma das áreas de atuação da família do deputado.
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O parlamentar também propôs isenção de ICMS na venda de veículos voltados ao transporte escolar.
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