Deputado “ex-homossexual” explica projeto que censura “Bíblia gay”

O deputado federal Sargento Isidório (Avante-BA) apresentou, na semana passada, um projeto para proibir o uso da palavra sobre o livro sagrado em qualquer citação de contexto diferente àquele do livro sagrado. O PL 2/2019 “proíbe o uso o nome e/ou título Bíblia ou Bíblia Sagrada em qualquer publicação impressa e/ou eletrônica com conteúdo (livros, capítulos e versículos) diferente do já consagrado há milênios pelas diversas religiões Cristãs (Católicas, Evangélicas e outras que se orientam por este Livro – Bíblia)”.
Isidório se define como um “ex-homossexual” convertido pelo Evangelho. Ele disse isso em entrevista à revista Piauí em 2018. O deputado, porém, repudia temas sobre sexualidade e identidade de gênero. Sempre em defesa da “preservação dos valores da família”.
A justificativa sobre o projeto tem uma conotação homofóbica. Segundo o parlamentar, o motivo é a “polêmica do livro em edição que se especula chamar Bíblia gay”. De acordo com ele, isso é um “absurdo”, pois haveria indícios de que “tal livro pretende tirar as referências que condenam o homossexualismo”.
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Projeto quer restringir citações à Bíblia
O projeto prevê que quem fizer uso das palavras de forma indevida deve ser punido por crime de estelionato. O baiano diz ainda, no texto, que a publicação de uma “Bíblia Gay” seria “uma verdadeira heresia e total desrespeito às autoridades eclesiásticas” e uma “violência contra os 92% de cristãos brasileiros”.
Ele segue afirmando que a permissão para tal publicação abriria “precedente para que haja um livro corporativista com nome (apelidado) bíblia gay ou de nomenclatura similar, em pouco tempo surgirá também outros livros apelidados de bíblia para outros segmentos de pecadores, a exemplo: homicidas, adúlteros, prostitutos, mentirosos etc. Ou seja, livros chamados de bíblia para livrar todo tipo de pecadores”.