Deputados pedem à Procuradoria afastamento de Temer por caixa dois
Do Valor:
A oposição na Câmara dos Deputados e no Senado Federal vai protocolar na tarde desta segunda-feira pedido para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) entre com ação sugerindo o afastamento do presidente interino da República Michel Temer (PMDB) por, entre outros motivos, supostamente ter recebido caixa dois de campanha da Odebrecht.
Reportagem da revista “Veja” deste fim de semana diz que, ao negociar delação premiada, o empresário Marcelo Bahia Odebrecht relatou à força-tarefa da operação Lava-Jato que repassou R$ 10 milhões em dinheiro ao PMDB, em 2014, a pedido de Temer, que é presidente licenciado do partido.
“Ainda é muito recente. Ele [Temer] tem o direito de se defender. Mas não vamos passar a mão na cabeça de ninguém”, disse o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Para o tucano, a informação não afeta o processo de impeachment de Dilma. “Por causa de uma denúncia não se anula, não isenta a presidente afastada dos crimes que ela cometeu”, sustentou.
A assessoria do pemedebista confirmou o pedido, mas disse que a doação foi legal e registrada na Justiça Eleitoral.
Pronúncia
Líder da bancada de oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ) disse nesta segunda que o PT ingressará ainda hoje com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar a votação da pronúncia do processo de impeachment, cuja sessão está marcada para amanhã.
A medida cautelar argumentará que é preciso barrar o andamento do processo que pode efetivar Temer no cargo, após a divulgação de notícias de que executivos da Odebrecht devem apresentar à Lava-Jato.
A cassação de Dilma Rousseff, e consequente confirmação de Temer no cargo, blindaria o interino da investigação, lembrou o senador. “Se Temer vira presidente em definitivo, ele não pode ser investigado da acusação de receber R$ 10 milhões, entregues em dinheiro vivo. Ele vai estar blindado, porque o artigo 86 da Constituição é claro: esse é um fato anterior a seu mandato, é de 2014. Ou seja, a votação do processo do impeachment significará uma blindagem de Temer, que ganha imunidade constitucional”, explicou.