Derrota do impeachment na Câmara zeraria o jogo, diz governador do Maranhão
Do Valor:
Aliado histórico do PT, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defende que a possível vitória da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment na Câmara “zere o jogo” e acabe com a crise política que engessou o governo federal. No dia seguinte à votação do pedido de saída da presidente do cargo, afirma o governador, a gestão Dilma deveria apelar ao “bom senso” e buscar um acordo com a oposição, por meio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e com empresários favoráveis ao impeachment. “A Fiesp vai continuar na Av. Paulista. Uma vez derrotada em sua tese em abril, não poderá ser ignorada em maio”, avalia o governador.
Segundo Dino, o diálogo deve ficar sob responsabilidade da própria presidente, e não do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dino diz ter “certeza analítica” de que a presidente conseguirá os votos necessários para derrotar o impeachment na Câmara, ao conquistar deputados que estão “indecisos” e “suscetíveis a algum tipo de repactuação”. Passado o processo, diz, é preciso reconstruir a base de apoio no Congresso. “A derrota do impeachment zera o jogo e possibilita que reconstrua base parlamentar a partir disso”, afirmou o governador, em entrevista ao Valor. “Não penso que qualquer setor político responsável e comprometido com o país imagine a eternização de guerra de todos contra todos, que temos hoje. É um quadro complexo e preocupante, com efeitos econômicos e sociais”.
Após a votação, afirma Dino, cabe sobretudo a presidente Dilma e a lideranças como os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique “encontrarem um caminho de consenso geral” para negociar uma “agenda de retomada do crescimento” e de “reformas estruturais”. Na opinião do governador, a presidente precisa também pactuar com a oposição o “respeito às regras do jogo até 2018” e sua manutenção no cargo até o fim dos quatro anos do mandato.
Dino não acredita que alianças com os partidos de centro, como PP e PR, possam significar uma guinada do governo à direita. Segundo o governador, a convicção de que Dilma conseguirá debelar o processo de impeachment parte justamente das bases sociais do governo. A presidente pode ter que fazer concessões – a proposta de reforma da Previdência, por exemplo, pode ser discutida, embora não tenha seu apoio -, mas sem “sacrificar o núcleo da agenda que foi confirmada quatro vezes seguidas nas urnas”.