De olho na reeleição, campanha de Bolsonaro quer buscar “bolsonarista arrependido”

Foto: Adriano Machado
O núcleo duro da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro se reuniu ontem em Brasília para traçar um plano de reação. Há apenas 82 dias do primeiro turno das eleições, os integrantes do grupo se encontram preocupados com o fraco desempenho do presidente. No diagnóstico desse grupo, o titular do Palácio do Planalto precisa modular o discurso.
Agora, a prioridade do núcleo de campanha é mudar hábitos para reconquistar eleitores de Bolsonaro arrependidos. O comitê identifica que o melhor espaço de atuação seria investir nos brasileiros que votaram no presidente em 2018, mas agora se mostram inclinados e apoiar outros candidatos ou a não votar.
O primeiro passo acordado entre os integrantes da campanha é blindar Bolsonaro das “más influências do zap”, ou seja, reduzir a influência de aliados mais radicais sobre ele. Essa ala de bolsonaristas tem por hábito se comunicar por meio do aplicativo WhatsApp, torpedeando o presidente com mensagens desde a madrugada. Por vezes, segundo membros da campanha, esse material pauta declarações de Bolsonaro.
Com isso, as orientações repassadas pelo núcleo político acabam sendo preteridas em detrimento do conteúdo enviado pela turma do WhatsApp, que estimula Bolsonaro a centrar fogo em temas que, de acordo com pesquisas internas, não lhe rendem votos, como ataques às urnas eletrônicas e aos ministros da Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo.
Para neutralizar os efeitos da suposta má influência, integrantes do grupo da campanha com mais trânsito com o presidente planejam se revezar logo cedo no Palácio da Alvorada para repassar as estratégias, análises de cenários e propostas de discursos. Há um receio de que falas ácidas de Bolsonaro desencadeiem crises e ruídos durante o período eleitoral.
Outro desafio é convencer o entorno de Bolsonaro, do grupo considerado mais radical, que é preciso encarar o presidente como um candidato em uma situação completamente diferente de 2018. Naquele ano, o então postulante ao Palácio do Planalto se elegeu em um partido pequeno, com poucos recursos e numa campanha modesta, alavancada pela atuação nas redes sociais.