Dicionário francês inclui pronome neutro e gera debate intenso no país

A discussão sobre pronome neutro não está presente apenas no Brasil. O dicionário francês Le Robert acrescentou um pronome neutro para designar pessoas não binárias, gerando um debate no país.
O dicionário introduziu a palavra “iel” em sua edição online em outubro. Trata-se de uma combinação de “il” (ele) e “elle” (ela).
Há pronomes neutros em português, como “ile” e “dile” ou “elu” e “delu”, que não estão no dicionário e são pouco usados no contexto cotidiano.
Governo francês desaprova uso do pronome neutro
O governo da França se posicionou contra a ação do Le Robert. O ministro da Educação, Jean-Michel Blanquet, resistiu a tentativas de incorporar a lingugem inclusiva no currículo escolar.
“A escrita inclusiva não é o futuro da língua francesa”, disse o ministro nas redes sociais, em apoio ao protesto do parlamentar François Jolivet.
Jolivet escreveu, numa carta à Academia Francesa, que a introdução das palavras “iel”, “ielle”, “iels” e “ielles” é precursora da ideologia “lacradora” e destrói os valores da cultura francesa.
MPF vai investigar veto de pronome neutro pela Secretaria de Cultura
O MPF vai investigar a proibição de linguagem neutra em projetos da Lei Rouanet. O órgão instaurou inquérito para apurar proibição. O órgão vai apurar se houve violação de princípios constitucionais. A abertura do inquérito ocorreu por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Acre.
Segundo a pasta, a portaria infringe direitos como igualdade, dignidade humana e direito à cultura, além de suspeitar de censura prévia.
A proibição se deu pelo secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula. O documento afirma que projetos que usam ou fazem alusão ao que “se convencionou em chamar” linguagem neutra, está proibido. Porciúncula disse que o texto “está alinhado” ao secretário de Cultura, Mário Frias. A informação é da coluna de Guilherme Amado no Metrópoles.