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Dificuldade dos índios para ter acesso a médico inspirou adolescente Pankará aprovado em 1o. na UnB

João Emanuel foi aprovado em primeiro lugar entre cotistas para o curso de Medicina da UnB
Imagem: Arquivo Pessoal

De Carlos Madeiro no UOL.

Aos 17 anos, João Emanuel será o segundo filho do cacique Ary Pankará a cursar Medicina na UnB (Universidade de Brasília). Recém-aprovado no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), com a primeira colocação entre os cotistas indígenas, ele vai representar um povo que vive no seco sertão de Pernambuco, para onde pretende voltar quando se formar para retribuir a oportunidade.

“A gente vê a dificuldade lá de acesso a médicos. Isso me motivou a estudar”, diz o jovem. “O povo da aldeia às vezes precisa ir para o Recife, demora mais de um mês para fazer um exame de rotina. E com uma pessoa formada lá, especializada na área, fica mais fácil para nosso povo.”

A escolha por Brasília veio por conta do irmão, Ary Filho, que cursa o 3º ano Medicina na mesma instituição.

Ao todo, 178 indígenas se inscreveram para as quatro vagas de medicina na UnB. Apesar da grande concorrência, ele conta que estava confiante na aprovação, mas admite que a primeira colocação não era algo que pensava. “A gente estuda para passar, independente da colocação. Para mim, é um orgulho representar meu povo”, diz.

João nasceu, se criou e estudou todo ensino fundamental na aldeia Laje, na Serra do Arapuá, município de Carnaubeira da Penha. A partir do 1º ano do ensino médio, seus pais o mandaram para o Recife estudar no colégio Liceu Nóbrega. Foi lá que, no ano passado, concluiu o 3º ano e prestou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

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