Dívida da Ancine em fundo internacional põe em risco produções nacionais
De Pedro Willmersdorff no Globo.
A cultura brasileira pode sofrer mais um duro golpe no já difícil ano de 2020, alertam produtores do audiovisual brasileiro. Nesta terça-feira (1), a Diretoria Colegiada da Ancine deve decidir sobre o cumprimento das cotas de 2019 e 2020 do Programa Ibermedia, um dos mais importantes fundos internacionais do audiovisual, que a agência deixou de pagar no último ano.
O fundo tem a participação de 22 países ibero-americanos e a Ancine é a autoridade cinematográfica que representa o Brasil. Mas, como não fez o aporte, os selecionados brasileiros na convocatória de 2019 não puderam ter acesso aos recursos do programa ao longo de todo este ano.
O não-pagamento prejudica iniciativas como o BrLab, evento de referência para o desenvolvimento de projetos de formação técnica, uma das três frentes de fomento do Ibermedia — ao lado de desenvolvimento de roteiros e coproduções.
Diretor do BrLab, Rafael Sampaio conta que o evento participa do programa desde 2011 e nunca enfrentou este tipo de situação, sempre recebendo os repasses em dia. Para ele, a inadimplência da Ancine trata-se de uma “vergonha internacional”.
— Fomos contemplados pelo Ibermedia no fim de 2019. Desde junho, o programa nos diz que não pode repassar a verba por causa da falta de pagamento da Ancine. Teoricamente, a agência quitaria tudo em outubro, mas, até agora, nada — lamenta Sampaio — Esse imbróglio coloca o Brasil na contramão do mundo.
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