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Documentos revelam depósitos em conta na Suíça gerida por filha de José Serra

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Do Globo

A Procuradoria Geral da República (PGR) anexou documentos enviados ao Brasil por autoridades suíças ao inquérito que investiga supostos pagamentos feitos pela Odebrecht para o senador José Serra (PSDB), para uso em campanhas políticas. Os documentos mostram duas transferências feitas pela Circle Technical Company, offshore que seria usada para repassar recursos, no valor de 400 mil euros, a uma conta na Suíça movimentada por Verônica Serra, filha do senador.

A Circle apareceu no depoimento de Luiz Eduardo Soares, um dos executivos do departamento de propina da Odebrecht. Em delação premiada, ele disse que o lobista José Amaro Pinto Ramos indicou as contas da Circle para receberem valores de propina referentes às obras da Linha 2 do Metrô, do Rodoanel e da interligação da Rodovia Carvalho Pinto.

Em depoimento de colaboração, Soares disse que foram feitos 32 depósitos destinados a “Vizinho”, o codinome atribuído a Serra nas planilhas de caixa 2 da empreiteira. O apelido foi usado porque Serra morava na mesma rua de Pedro Novis, que presidiu a empreiteira.

Nos documentos apresentados ao Supremo Tribunal Federal, a primeira transferência da Circle é de 20 de dezembro de 2006, no valor de 250 mil euros. Abaixo está escrito “taxas de acordo com o contrato Alstom Turquia”. A Alstom é uma das fornecedoras do Metrô paulista. O segundo depósito foi feito em 19 de fevereiro de 2007, no valor de 150 mil euros.

Os depósitos foram feitos na conta Firenze 3026, aberta no Arner Bank, na Suíça, que pertence à offshore Dormunt Internacional, do Panamá. Verônica aparece como procuradora. Quando os recursos movimentados no banco suíço passaram a contar com consultoria da Illumina Capital, empresa suíça que atua em gestão de patrimônio e consultoria para investidores privados, Verônica encaminhou ao Arner Bank uma confirmação da contratação. A filha de Serra assina o email como sócia da empresa Pacific Financial Advisors, mas o email usado na comunicação com o banco suíço é pessoal. O funcionário do Arner Bank fez uma anotação dizendo ter falado com ela pessoalmente para checar a autorização.

Verônica Serra é sócia de três empresas de consultoria de negócios. Procurados, advogados e a assessoria do senador José Serra ainda não se pronunciaram.

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