Doleiro Lúcio Funaro, operador de Cunha, vai delatar Temer
Do Globo:
— Eu sou advogado em um dos casos dele, mas vou sair para evitar conflito de interesse — disse Bitencourt ao GLOBO.
Nas primeiras tratativas com o Ministério Público Federal, Funaro teria oferecido informações com potencial para turbinar as investigações sobre Loures e Temer. O nome do operador apareceu numa conversa entre o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Temer no porão do Palácio do Jaburu na noite de 7 de março, um encontro não registrado na agenda oficial. Na conversa, Batista disse que estava pagando mesadas a Funaro e Cunha para evitar que fizessem delação premiada. Depois de ouvir as confissões do empresário, o presidente respondeu : “tem que manter isso. Viu ?”
Funaro prometeu colaborar com as investigações da Lava-Jato e outras operações sobre corrupção logo depois de ser preso, quando ainda estava sendo transferido de São Paulo, onde morava, para um presídio em Brasília. Mas, num determinado momento, mudou de ideia e passou a dizer que não faria delação em hipótese alguma. Ele alegava inocência. Não teria nada para contar que fosse de interesse do Ministério Público Federal ou da Polícia Federal. Recentemente, depois das delações dos executivos da JBS, o operador entendeu que a posição anterior era insustentável e optou por buscar um acordo com os procuradores da Lava-Jato em Brasília.
Funaro teria prometido apresentar informações para confirmar e até ampliar parte das acusações formuladas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, sobre corrupção no governo federal. Ao mesmo tempo, daria explicações diferentes e, em alguns casos, contrárias as versões dos irmãos Batista. Apesar da relevância das investigações sobre Temer e Loures, o início das conversas foi “difícil”, segundo disse ao GLOBO uma fonte a par das tratativas. O Ministério Público estaria reticente. Os procuradores entendem que já têm provas suficientes nas investigações sobre Temer, Loures e os pagamentos de suborno da JBS. Para justificar uma colaboração, Funaro teria que ser mais específico e incisivo em eventuais revelações.
