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Dom Paulo Evaristo Arns morre aos 95 anos

Da Carta Capital:

Símbolo da resistência à ditadura, dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, morreu nesta quarta-feira 14 aos 95 anos, vítima de complicações respiratórias relacionadas a sua idade avançada.

O estado de saúde do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, 95, se agravou na segunda-feira 12. O arcebispo emérito foi internado no hospital Santa Catarina em 28 de novembro, com um quadro de broncopneumonia e não resistiu.

De formação e hábitos franciscanos, dom Paulo é um missionário que dedicou sua vida à defesa dos pobres e à justiça social. A denúncia da tortura e da perseguição política durante a ditadura está diretamente relacionada à sua pregação religiosa

Em 1966, dom Paulo tornou-se bispo em um momento de renovação na Igreja Católica. Quatro anos antes, o então papa João XXIII deu início ao Concílio Vaticano II, que buscava redefinir o papel da religião na sociedade, com foco em uma nova orientação pastoral voltada para a resolução dos problemas sociais e econômicos. No Brasil, a cartilha ganhou força após a Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em 1968 em Medellín, na Colômbia.

As reuniões foram fundamentais para o desenvolvimento da Teologia da Libertação, preocupada prioritariamente com a promoção da justiça social, e para a consolidação das Comunidades Eclesiais de Base, que buscavam substituir a supremacia das paróquias na organização da vida religiosa pela valorização de comunidades menores, com a presença tanto de integrantes da Igreja quanto de leigos. Atento à renovação, dom Paulo abraçou a nova doutrina e o modelo descentralizado de comunidades.

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