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Doria é “muito afoito” e “tem senso de urgência equivocado”, diz secretária que pediu demissão

 

A ex-secretária de João Doria Patrícia Bezerra, que pediu demissão da pasta de Direitos Humanos depois da operação na cracolândia, deu entrevista à Folha explicando como funciona o prefeito de SP:

“Ele tem um senso de urgência que é equivocado. No caso do Redenção, ao longo de quatro anos se faria um trabalho gradual. A pressa que ele tem não respeita essa cronologia. Quanto tempo se levou para se instalar um problema como a cracolândia? É sim num médio e longo prazo que vai se mi-ni-mi-zar [dividindo as sílabas]. Redução de danos é fato, você tem que lidar com isso”.

. “Na questão da ponte [ela era contra dar o nome do ex-senador Romeu Tuma à ponte das Bandeiras], falei que era uma aberração. Está no relatório da Comissão da Verdade o nome do cara como quem chancelou torturas no Dops”.

. “Não vou falar que foi ruim [a relação com Doria]. Mas também não foi tão boa quanto poderia ter sido. Ele aparenta ser uma pessoa muito aberta, pronta ao diálogo, mas ele não é tão aberto assim”.

. “Por outro lado, ele está muito afoito. Entendo, porque ele está devedor da campanha que fez e do número expressivo [de votos] que ele teve. Mas a cidade tem prazos, inúmeros caminhos burocráticos, que são letárgicos, sim, mas são processos que, se a gente atropela, passa por cima, dá margem para corrupção”.

. “Hoje eu falo que tenho um carinho por ele [Doria], respeito por ele. Sei muito bem que a gente diverge, e sempre coloquei isso para ele. Ele vem da iniciativa privada, ele tem um pensamento político neoliberal e eu sou totalmente contrária a isso. Mas eu divirjo dele com respeito. Ele tem muitas coisas interessantes, brilhantes. De marketing, por exemplo, para divulgar as coisas que ele faz”.