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Doria trabalha com PM que o auxiliava na prefeitura em sua campanha

Reportagem de Anna Virginia Balloussier na Folha.

Às 8h46 do último dia 19, uma quinta-feira, o capitão da Polícia Militar João Paulo Mandese postou uma foto em suas redes sociais: uma xícara de café com o logo da Band e a localização em que se encontrava, a Rádio Bandeirantes.

Naquela manhã, João Doria (PSDB) concedia uma entrevista dentro de uma série que a estação vem fazendo com os pré-candidatos ao governo de São Paulo.  

No dia seguinte, Mandese acompanhou Doria num encontro em que o tucano discutiu as eleições de outubro com o presidente Michel Temer —uma de suas funções foi gravar com celular entrevista de Doria a jornalistas. No sábado (21), o ex-prefeito paulistano foi a Campinas e levou junto, mais uma vez, o PM.

A rotina compartilhada vem desde os tempos de Doria prefeito. Quando Doria assumiu o cargo, em janeiro de 2017, Mandese foi designado como seu ajudante-de-ordens —é de praxe que capitães da PM exerçam essa função, que consiste em acompanhar o governante em saídas e zelar por sua assistência pessoal.

Ao sair da Prefeitura para disputar a sucessão de Geraldo Alckmin, no dia 6 de abril, Doria continuou contando com os serviços de Mandese.

O regimento da PM classifica como “transgressão disciplinar” o exercício de “função de segurança particular ou qualquer atividade estranha à instituição com prejuízo do serviço ou com emprego de meios do Estado”.

Em nota enviada pela Secretaria de Segurança Pública, a PM diz que seu capitão “se encontra em afastamento regulamentar [férias ou licenças, por exemplo] e desconhece qualquer atividade extra do oficial”. A pasta, que tem a PM sob sua guarda, afirma que “determinou ao Comando-Geral [da PM] que instaure apuração preliminar visando a inteira apuração dos fatos”. 

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O prefeito João Doria (PSDB) durante entrevista coletiva (Foto: TV Globo/Reprodução)