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Duvivier sobre o Roda Viva: “Que pau bonito, hein, majestade”

Da coluna de Duvivier na Folha:

Certas coisas são penosas de assistir, mas você assiste porque as pessoas te garantem que vale a pena. Quase nunca vale. Foi assim com “O Encouraçado Potemkin” e “Two Girls One Cup”. E foi assim com o novo “Roda Viva”.

Já não é sequer uma roda –jornalistas se alinham à frente do presidente, como uma plateia de teatro, e não ao redor, como o nome indica– tampouco parece ser viva –te desafio a assistir até o final. Não me espantaria se descobrissem que o presidente sem pescoço estivesse sendo manipulado por dentro como um muppet ou como o cadáver do filme “Um Morto Muito Louco”.

Temer responde olhando para a câmera, e não para os jornalistas, como quem está fazendo um pronunciamento. O cenário é o Palácio da Alvorada, como todo pronunciamento. Resumindo: é um pronunciamento –com a ajuda luxuosa dos jornalistas. Nem parece que é um presidente na corda bamba –prestes a cair.

Todos ostentam um sorrisão. Parece que o Alvorada é open bar. Cogitei se estava acontecendo algo que não estaríamos vendo, fora de quadro. Pensei que talvez estivessem fazendo massagem nos pés. Talvez estivessem distribuindo rissoles ou carregadores de iPhone.

(…)