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“É dando que se recebe”: Bolsonaro usou máxima de São Francisco para atrair Centrão

NOVA ESTRATÉGIA – Ramos: o articulador político do governo mira agora o apoio do MDB do deputado Baleia Rossi e do DEM de Rodrigo Maia (à dir.) – Alan Santos/PR; Pedro Ladeira/Folhapress/.

Da Veja:

No dia 1º de dezembro, o ministro Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política, expressou numa rede social a versão do governo para o resultado das eleições municipais. Apesar da derrota de candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, o general escreveu, citando o crescimento nas urnas de partidos como o PP, o PL, e o PSD, todos aninhados na máquina controlada pelo Palácio do Planalto: “Os partidos do centro democrático venceram de maneira inquestionável e na sua grande maioria fazem parte da base do governo”. A manifestação pública foi acompanhada de outra mensagem, esta privada, enviada ao deputado Baleia Rossi, presidente do MDB, a legenda que mais conquistou prefeituras. Nela, Ramos dizia que era chegada a hora de uma união de esforços para aprovar pautas prioritárias e ajudar na recuperação econômica do país. “Conto com o apoio do MDB”, afirmou o ministro ao deputado. “Tenho certeza absoluta de que o MDB de Ulysses Guimarães não faltará ao país.”

Aparentemente banais, essas duas mensagens são reveladoras da estratégia de Bolsonaro de tentar, desde já, costurar uma ampla aliança partidária em torno de sua candidatura à reeleição. O presidente prefere reeditar em 2022 a disputa travada em 2018 com a esquerda. Ele quer evitar a construção de uma candidatura alternativa capaz de romper essa polarização. Por isso, empenha palavras, recursos orçamentários e cargos a fim de cortejar partidos que, em tese, podem ajudar na formação de uma coligação eleitoral centrista na próxima sucessão presidencial. Esse esforço se dá em duas frentes. Uma delas, mais avançada, tem como alvo as siglas do Centrão, conhecidas pelo governismo atávico e que hoje estão fechadas com Bolsonaro. A outra frente, mais desafiadora, envolve as conversas com o centro dito independente formado por DEM e MDB, que cogitam apoiar o PSDB em 2022 ou até mesmo lançarem juntos uma candidatura presidencial. Em ambas as frentes, Bolsonaro e seus articuladores esgrimem o mesmo argumento: nas eleições municipais, saíram vitoriosos aqueles que têm cargos federais e capacidade de levar recursos para os municípios. Se essa estratégia funcionou em 2020, não haveria razão para abandoná-la em 2022.