Eduardo Bolsonaro difama latinos que vão para os EUA para tentar sobreviver

Imagem: Facebook
Da Coluna de Rubens Valente no UOL.
“E aqui tem latino pra tudo quanto é lado, né? O latino, ele pisa aqui no solo americano, ele começa a seguir a lei. Impressionante, impressionante. Um sinal de que como que a certeza da punição faz o cara andar na linha, né? Isso também daí é… Tem que ser, tem que ser… Exaltado.”
Esse é um dos filhos do presidente do maior país da América Latina, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), fazendo uma análise criminológica sobre os latino-americanos que se mudam para os Estados Unidos para tentar um futuro. Pela sua lógica leviana, todo latino-americano que vai morar nos EUA era um descumpridor de leis em seu país de origem – não “andava na linha”.
Estima-se que 1 milhão de brasileiros more nos EUA. Nas eleições de 2018, Jair Bolsonaro venceu com folga em todas as dez cidades dos EUA que tiveram votação. Em Miami, obteve mais de 80% dos votos válidos.
O vídeo foi postado no dia 9 de novembro pelo deputado na sua conta no Instagram, seguida por 3,3 milhões de pessoas, visto mais de 544 mil vezes e comentado mais de 4 mil vezes.
A gravação foi feita pelo parlamentar durante uma visita a uma loja de exportação de armas de fogo para o Brasil denominada Tactical Solutions Inc., sediada na Florida (EUA). Exibindo fuzis, espingardas e carabinas, o parlamentar exaltou a ideia de armar os brasileiros.
Ele disse que o governo do seu pai flexibilizou regras para permitir aos atiradores a posse e uso de armas até então proibidas, como fuzis de determinado calibre. “Com o governo Bolsonaro, o atirador agora tem a possibilidade de ter um fuzil 556. Então a fabricante nacional, a gente sabe que a Taurus, a CBC, dominam o mercado brasileiro, se Deus quiser a gente vai ter Springfield, Sig Sauer no Brasil.”
Eduardo associou mais armamento nas mãos da população à redução dos índices de criminalidade – relação contestada por inúmeros especialistas em segurança pública -, o que, segundo ele, explicaria menos crimes nos EUA.
“A gente vai chegar a esse nível de liberdade. O pessoal fica falando ‘ah, mas tem tiroteio em escola’. Eu falei, ‘filho, Rio de Janeiro é diário, todo dia que o PM acorda lá no Rio ele sabe que ele vai, dependendo da área de atuação dele, ele vai trocar tiro’. Aqui nos Estados Unidos a taxa de homicídios gira, ou às vezes nem chega, a quatro homicídios para cada 100 mil habitantes. Enquanto que no Brasil, até pouco tempo atrás, a média nacional estava perto de 30. Se fosse olhar as cidades do Nordeste, Natal, Pará, aí você vai entrar 70, 60 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.”
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